ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Queda das ações do Nubank já era esperada pelo mercado

De 10 a 20 de dezembro, os papéis acumulam queda de 24,56%, segundo levantamento da consultoria Economatica

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 dez 2021, 15h06 - Publicado em 22 dez 2021, 14h31

A abertura de capital do banco digital brasileiro Nubank no bolsa de Nova York (Nyse) era um dos eventos mais aguardados do ano para os investidores brasileiros e os que acompanham startups promissoras pelo mundo. A estreia, de fato, foi gigante, e compensou a expectativa. Mesmo com um reajuste anterior de preços, a fintech foi avaliada em 41,5 bilhões de dólares, se tornando o banco mais valioso da América Latina, e atraiu 815 mil investidores pessoa física. Mas, nos últimos dias, as ações acumulam quedas, o que já era um movimento esperado pelo mercado.

Logo após a estreia da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), nos primeiros três dias, de 8 a 10 de dezembro, as ações valorizam 31,67%. Mas, de 10 a 20 de dezembro, os papéis já acumulam queda de 24,56%, segundo levantamento da consultoria Economatica. As ações do banco são negociadas na Nyse e também, por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts, na sigla em inglês), na B3. Os BDRs são recibos de ações de empresas estrangeiras negociados na bolsa brasileira.

Para os especialistas entrevistados por VEJA, o momento de entrada talvez não tenha sido um dos melhores. O IPO aconteceu em meio a cautela com o desempenho fraco das fintechs, a exemplo das ações de Paypal, Stone e MercadoLivre, que acumulam quedas recentes na Nasdaq. Além da maior aversão ao risco com a variante Ômicron, que passou a derrubar bolsas ao redor do mundo, soma-se ainda as expectativas de mudança dos rumos da política econômica com a elevação dos juros pelo mundo. Internamente, o Brasil enfrenta inflação e juros altos em meio ao cenário instável com a aproximação das eleições. “Quando olhamos para o histórico recente de fintechs que abriram capital fora do país, no primeiro ano todas elas negociaram abaixo do preço do IPO. Existe volatilidade grande de preço no primeiro ano, principalmente quando a empresa está atrelada à economia brasileira, que passa por momentos de bastante instabilidade”, diz Mateus Messias, analista da Inside Research, que não recomenda a compra de ações do banco.

O Nubank conta hoje com 48 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia, e se tornou o maior banco digital do mundo ao desburocratizar e facilitar o acesso das pessoas ao sistema financeiro. O valor bilionário tornou o banco a terceira maior empresa brasileira no dia do IPO, atrás apenas de Petrobras e Vale, e pouco à frente da Ambev, que a ultrapassou nos últimos dias. Apesar da robustez, as ações ainda estão caras na avaliação de muitos analistas. O Nubank teve as ações precificadas a 9 dólares por ação, ponto máximo da faixa indicativa que começava em 8 dólares. “Desde a estreia, as ações estavam sendo precificadas em valores altos. Apesar da enorme quantidade de clientes, é um banco que ainda não dá lucro, então o risco sistêmico é muito grande”, diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos. No ano passado, o Nubank registrou prejuízo líquido de 230 milhões de reais, 26% menor que o resultado de 2019, com crescimento de 79% nas receitas, para 5 bilhões de reais. No primeiro trimestre deste ano, o banco lucrou 76 milhões de reais, o primeiro lucro da sua história.

Para outro economista da Valor Investimentos, Piter Carvalho, as ações ainda devem cair abaixo de 8 dólares/reais. Na manhã desta quarta-feira, 22, as ações estavam sendo negociadas em alta na Nyse a 9,23 dólares, mas estavam em queda na pré-abertura do mercado. Na B3, os BDRs negociam em baixa, a 8,68 reais. Apesar de ser um banco inovador e com custo de capital baixo por ser totalmente digitalizado, o que representa uma grande vantagem nos seus planos de expansão para a América Latina, o modelo de negócio hoje já não é mais exclusivo. “O Nubank vai precisar trazer novas maneiras de inovar e trazer clientes porque a disrupção criada começa a perder força com a concorrência”, diz.

Com o aumento da concorrência e a efervescência das fintechs no mercado, o Nubank passou a atuar em diferentes áreas de negócios, como investimentos, seguros e assessoria financeira. Apesar da diversificação, algumas casas de análise ainda não recomendam a compra de ações, a exemplo da Nord Reserach, Levante, e Suno Research, que não entraram na oferta do IPO. Para eles, o Nubank enfrentará desafios com os novos concorrentes, afetando a perspectiva de crescimento dos investidores. Há também receio na capacidade de tornar os correntistas em clientes de seus novos produtos e na atração de novos. A preferência das casas ainda é por bancos que já realizam lucros, a exemplo de XP e BTG.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.