Produção industrial cresce pela nona vez seguida, mas ritmo desacelera
Alta menor, assinalada pelo IBGE, já era esperada por especialistas; desempenho foi puxado pela queda de bens intermediários, como metalurgia
Desde o choque do fechamento das atividades em abril passado, a indústria brasileira vem se recuperando. No início do ano, apresentou nova taxa de crescimento, a nona consecutiva. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 5, a produção industrial cresceu 0,4% em janeiro, em linha com o esperado pelo mercado financeiro. Apesar de continuar o ciclo de alta, os dados mostram desaceleração. Em dezembro, a alta foi de 0,9%. Em relação a janeiro do ano passado, quando o novo coronavírus ainda não tinha chegado ao Brasil, o setor cresceu 2% em janeiro de 2021.
“Observamos a manutenção do comportamento positivo do setor industrial, mas com desaceleração no seu ritmo no mês de janeiro. Em abril do ano passado, a diferença para o patamar recorde era de -38,8%. Agora estamos mais perto (-12,9%), mas ainda com uma perda de dois dígitos. Porém, também chama atenção neste mês a quantidade de ramos que ficaram no campo negativo, que foram maioria (14 de 26), um comportamento que não foi observado nos meses anteriores dessa sequência de nove meses de crescimento”, avalia o gerente da Pesquisa Mensal Industrrial, André Macedo.
Já, entre as grandes categorias econômicas, os bens de capital assinalaram a taxa positiva mais acentuada em janeiro de 2021 (4,5%), registrando o nono mês seguido de expansão na produção e acumulando nesse período avanço de 148,4%. E o setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis (2,0%) também registrou crescimento acima da média da indústria (0,4%), eliminando, assim, o resultado negativo assinalado em dezembro de 2020 (-0,4%).
Por outro lado, os segmentos de bens intermediários (-1,3%) e de bens de consumo duráveis (-0,7%) tiveram taxas negativas no mês. Os bens intermediários, que são aqueles produtos que abastecem a produção final (como, por exemplo, metalurgia e derivados de petróleo), registraram a perda mais acentuada desde abril de 2020, revertendo assim a expansão de 1,4% observada em dezembro. Já os bens de consumo duráveis tiveram a interrupção de oito meses de taxas positivas consecutivas, período em que acumulou avanço de 552,2%.
Com a aceleração da contaminação do coronavírus e novas medidas restritivas tomadas por estados e municípios para tentar evitar o colapso dos sistemas de saúde, o setor já se mostra preocupado com um novo ano de perdas, como foi registrado em 2020. Apesar dos meses seguidos de recuperação, a queda acentuada entre o primeiro e segundo semestre refletiu no resultado. O PIB indicou recuo de 3,5% do setor em 2020.