Previdência: recontagem de votos identifica falta de apoio
Governo realiza primeira reunião do ano com lideranças políticas para definir estratégia para votar reforma da Previdência
Os líderes da base aliada ao presidente Michel Temer retomarão a contagem de votos para a reforma da Previdência – são necessários 308 votos para que a proposta de emenda constitucional seja aprovada na Câmara. Segundo o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Beto Mansur (PRB-SP), há problemas em todas as bancadas de partidos aliados.
Mansur evitou falar qual partido tem apresentado mais resistência à reforma, e disse que há questões desde o MDB, partido de Temer, até em bancadas de legendas menores.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que está confiante na aprovação da reforma da Previdência em fevereiro e ressaltou que contagens preliminares sobre o apoio do Congresso à proposta são imprecisas. “Existem diversas contagens. Hoje, a maior parte dos parlamentares está em suas cidades e Estados em recesso. Portanto esta conta é muito imprecisa. Vamos de fato saber exatamente no dia da votação.”
Meirelles acrescentou que o governo está trabalhando para conseguir os 308 votos necessários para aprovação da emenda constitucional na Câmara.
Na primeira reunião do ano com lideranças políticas para tentar angariar votos e aprovar a reforma da Previdência, o governo busca traçar uma estratégia em busca de maior apoio à proposta. Escalado quase que diariamente para fazer a defesa da reforma da Previdência, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a reunião desta terça-feira na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com líderes da Câmara e do Senado, faz parte de uma “nova estratégia” do governo para conseguir os 308 votos necessários para a aprovação.
Servidores
Em busca da aprovação da proposta, Temer pediu ao deputado Rogério Rosso (PSD-DF) a costura de uma proposta alternativa para os servidores públicos na reforma da Previdência. Marun disse não ter conhecimento do pedido, mas admitiu que a proposta pode sofrer novas alterações desde que agregue votos. “Não queremos conversa que não leve a lugar nenhum, conversas que não tragam votos”, reforçou.
Rosso foi incumbido de negociar com representantes do funcionalismo público uma proposta para a transição de aposentadoria para quem entrou no serviço público antes de 2003. Esse é um ponto de impasse da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência.
A proposta que será levada ao plenário da Câmara cobra que esses servidores cumpram as idades mínimas de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) para manter a integralidade (direito de se aposentar com o último salário) e a paridade (reajustes iguais aos funcionários da ativa). Rosso ficou responsável por abrandar essa regra.
O deputado, que tem reduto eleitoral nas categorias de servidores, foi um dos principais críticos da propaganda do governo para vender a reforma da Previdência, que teve como mote o fim dos privilégios dos servidores. Para ele, a propaganda foi “infeliz” ao tentar “demonizar os servidores”, o que acabou prejudicando a votação.
Segundo Marun, se o deputado Rosso trouxer propostas que não interfira nos princípios da reforma, o governo pode escutá-las. Ao ser questionado se então ainda há espaço para ceder no texto, Marun disse que não é questão de ceder e sim de dialogar.
O ministro citou ainda a pesquisa Ibope que a Presidência contratou que mostra uma melhor aceitação da reforma. “Nossa estratégia está sendo exitosa”, declarou, em tom otimista, sem falar em votos.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)