‘Prévia da inflação’ sobe mais que o esperado pelo mercado em agosto
IPCA-15 foi de 0,28%, acima dos -0,07% de julho; alta é baseada em preços administrados, como a conta de luz
A prévia da inflação variou 0,28% em agosto, ficando 0,35 ponto percentual acima da taxa registrada pelo IPCA-15 de julho, quando teve deflação de 0,07%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 25, pelo IBGE. A aceleração do índice veio acima das estimativas do mercado, que previa alta de 0,17%. Entre os motivos que aceleraram a taxa estão as altas da conta de luz, que impactou o grupo de habitação, saúde e educação.
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,38% e, em 12 meses, de 4,24%, acima dos 3,19% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores e acima do centro da meta, de 3,25%.
A aceleração na prévia da inflação acontece após o resultado do IPCA de julho também vir mais forte que no mês anterior. “Que pese que em parte o qualitativo do índice foi melhor que o número cheio (dispersão abaixo do desvio padrão e serviços sob controle), nos parece que ‘as boas notícias’ do campo inflacionário estão chegando ao fim”, afirma o economista André Perfeito.
A alta registrada na prévia de julho, no entanto, não muda a visão do mercado sobre o ciclo de quedas na Selic. “Embora o resultado tenha surpreendido o mercado, os aumentos estão concentrados em reajustes de preços administrados e não constituem problemas, que podem ser corrigidos no curto prazo pelo uso da taxa básica de juros”, afirma André Galhardo, consultor econômico da corretora Remessa Online.
Preços maiores
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em agosto, as exceções foram as deflações em alimentos (-0,65%) e vestuário (-0,03%).
Em habitação, o maior impacto veio da alta da energia elétrica residencial (4,59% e 0,18 p.p.), influenciada pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês anterior. Além disso, reajustes foram aplicados em três áreas de abrangência do índice: em Curitiba (9,68%), onde o reajuste de 10,66% teve vigência a partir de 24 de junho; em Porto Alegre (5,44%), com reajuste de 2,92% a partir de 19 de junho, em uma das concessionárias pesquisadas; e em São Paulo (4,21%), onde o reajuste de -1,13% foi aplicado a partir de 4 de julho, em uma das concessionárias pesquisadas.
A alta em saúde e cuidados pessoais (0,81%) deve-se aos itens de higiene pessoal, que passaram de -0,71% em julho para 1,59% em agosto. Os preços dos produtos para pele (8,57%) e dos perfumes (2,94%) subiram, após queda de 4,32% e 1,90% em julho, respectivamente.
Em educação (0,71%), os cursos regulares subiram 0,74% principalmente por causa dos subitens creche (1,91%) e ensino superior (1,12%). A alta dos cursos diversos (0,06%) foi influenciada pelos cursos preparatórios (1,22%) e cursos de idiomas (0,14%).
Também registraram variação positiva no mês os grupos despesas pessoais (0,60%), transportes (0,23%), comunicação (0,04%) e artigos de residência (0,01%).
A queda do grupo alimentação e bebidas (-0,65%) deve-se, principalmente, à deflação da alimentação no domicílio (-0,99%), que já havia registrado recuo nos dois últimos meses. Destacam-se as quedas da batata-inglesa (-12,68%), do tomate (-5,60%), do frango em pedaços (-3,66%), do leite longa vida (-2,40%) e das carnes (-1,44%). No lado das altas, as frutas (1,42%) subiram de preço.
A alimentação fora do domicílio (0,22%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,46%), em virtude da desaceleração do lanche (1,02% em julho para 0,14% em agosto). Já a refeição (0,35%) acelerou na comparação com o resultado de julho (0,17%).