Prévia da inflação desacelera em março mesmo com aumento na gasolina
IPCA-15 registrou 0,69% no mês, ligeiramente abaixo dos 0,76% de fevereiro; impostos federais sobre os combustíveis voltaram a ser cobrados
A prévia da inflação de março apresentou alta de 0,69%, uma desaceleração em relação ao índice de 0,76% registrado em fevereiro. Os são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta sexta-feira, 24, pelo IBGE e vem ligeiramente acima das medianas de mercado, que estimavam 0,65% no mês. A principal pressão para a prévia da inflação vem do grupo de transportes, por causa do aumento dos combustíveis com a reoneração de impostos federais.
“A notícia mais relevante foi em relação aos núcleos que vieram em desaceleração. Isso é um ponto bem positivo e que faz o mercado reagir bem. Os DIs caíram aproximadamente 12 pontos logo na abertura justamente por conta desses núcleos que vieram bem melhores do que o histórico recente”, analisa Ricardo Jorge, sócio da Quantzed.
Em 12 meses, o índice está em 5,36%, acima dos 4,75% do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. A inflação e a política monetária do Banco Central para chegar a meta são um dos principais pontos de tensão do governo do presidente Lula. A gestão critica a postura de Roberto Campos Neto, presidente do BC e do Comitê de Política Monetária (Copom) manterem os juros em 13,75%, maior patamar desde 2016.
O IPCA-15 mede a variação do preço das duas primeiras semanas do mês de referência e as duas últimas do mês anterior, por isso é chamado de prévia da inflação. Os impostos sobre a gasolina e o etanol, que estavam zerados desde meados de 2022, voltaram com alíquotas de 0,47 centavos e 0,02 centavos, respectivamente. Com isso, o grupo de Transportes, principal peso da cesta do IPCA, ficou em 1,50%, bem acima da variação de fevereiro, que foi de 0,08%. De acordo com o IBGE, os preços da gasolina subiram 5,76% no período, enquanto o etanol acelerou 1,96%.
O resultado de transportes só não teve impacto maior porque a Alimentação, segundo maior peso no IPCA, desacelerou em março, ficando em 0,20%, abaixo dos 0,39% de fevereiro. O resultado foi puxado principalmente por queda em itens como batata-inglesa (-13,14%) e do tomate (-6,34%). Cebola (-12,13%), óleo de soja (-2,47%), contrafilé (-2,04%) e frango em pedaços (-1,94%). Enquanto isso, os ovos subiram 8%. A alimentação fora do domicílio acelerou (0,68% contra 0,40% do mês anterior).
Dos nove grupos pesquisados, apenas artigos de residência tiveram variação negativa (-0,18%). Em Saúde e Cuidados Pessoais os preços subiram 1,18% com alta em cosméticos e planos de saúde. Em Habitação, o principal fator para a alta de 0,81% foi a energia elétrica residencial (2,85%).