Prévia da inflação acelera 0,76% em fevereiro com volta às aulas
Preços subiram em oito dos nove grupos pesquisados neste mês; em doze meses, IPCA-15 está em 5,63%

A prévia da inflação de fevereiro ficou em 0,76%, acelerando em relação aos 0,55% registrados no indicador de janeiro. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta sexta-feira, 24, pelo IBGE. O resultado foi puxado pela alta do grupo de Educação, que acelerou 6,41% no mês. Historicamente, o grupo é o que exerce a maior pressão no mês, graças a gastos com matrículas e materiais escolares na volta às aulas.
Além do fato sazonal do grupo de educação, houve registro de aumento de preços em quase todos os outros grupos, com exceção de vestuário, cujos preços recuaram 0,05% depois da alta de 0,42% em janeiro. Habitação, por exemplo, ficou em 0,63%, e alimentação e bebidas, em 0,39%. O grupo de transportes se manteve próximo da estabilidade, com alta de 0,08% no período.
O IPCA-15 mede a variação de preços entre as duas primeiras semanas do mês de referência (fevereiro) e as duas últimas do mês anterior (janeiro). Os dados consideram famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e o município de Goiânia.
A pressão inflacionária vem sustentando a política contracionista do Banco Central, com juros de 13,75% ao ano. Com o resultado de fevereiro, a prévia da inflação acumula alta de 5,63%, acima do teto da meta, que vai até 4,75% neste ano. Juros altos e metas de inflação têm sido ponto de tensão na relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central.
Pressão
No caso da educação, que apresentou a maior elevação, o subitem que mais contribuiu foram os cursos regulares (7,64%), por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. As maiores variações vieram do ensino médio (10,29%), do ensino fundamental (10,04%), da pré-escola (9,58%) e da creche (7,28%). Ensino superior (5,33%), curso técnico (4,50%) e pós-graduação (3,47%) também registraram altas.
O grupo habitação (0,63%) acelerou em relação a janeiro (0,17%), influenciado pelas altas nos aluguéis residenciais (0,89%) e nos condomínios (0,62%). A taxa de água e esgoto (1,32%) também registrou alta em fevereiro, consequência dos reajustes aplicados em Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Salvador.
Vale ressaltar o resultado do subitem gás encanado (1,50%), em decorrência das altas de 4,22% no Rio de Janeiro, onde houve aumento de 9% no dia 1º de janeiro e, posteriormente, redução de 2,86% a partir de 1º de fevereiro, e de 4,60% em Curitiba, onde o aumento foi de 13,34% em razão do reajuste nas tarifas e da mudança na forma de cobrança, a partir de 1º de fevereiro. Em São Paulo, a redução de 0,71% a partir de 1º de janeiro não havia sido incorporada ao IPCA-15 de janeiro e foi apropriada integralmente no IPCA-15 de fevereiro.
Ainda em habitação, a energia elétrica subiu 0,35%, após queda de 0,16% no mês anterior. Os resultados das áreas foram desde -3,44% em Brasília até 5,99% em Salvador, onde o ICMS retornou ao patamar de 27% a partir de 1º de janeiro.
A variação de alimentação e bebidas (0,39%) ficou abaixo da registrada em janeiro (0,55%). Os preços dos alimentos para consumo no domicílio subiram 0,38%, influenciados pelas altas da cenoura (24,25%), das hortaliças e verduras (8,71%), do leite longa vida (3,63%), do arroz (2,75%) e das frutas (2,33%). No lado das quedas, destaca-se a redução nos preços da cebola (-19,11%), do tomate (-4,56%), do frango em pedaços (-1,98%) e das carnes (-0,87%). A alimentação fora do domicílio (0,40%) ficou com resultado próximo ao do mês anterior (0,39%). O lanche teve alta de 0,78% e, a refeição, de 0,16%.
Em transportes houve uma desaceleração de janeiro (0,17%) para fevereiro (0,08%). A principal razão foi a queda de 9,45% nos preços das passagens aéreas. Todos os combustíveis (-0,28%) registraram queda de preço em fevereiro: etanol (-1,65%), gás veicular (-1,59%), óleo diesel (-0,59%) e gasolina (-0,04%). Destaque também para a alta do subitem emplacamento e licença (1,62%), que incorporou a fração mensal referente ao IPVA de 2023.