Por que os FIDCs devem se tornar o principal canal de crédito nos próximos anos
João Peixoto Neto, sócio-fundador da Ouro Preto Investimentos, diz que as empresas vão recorrer cada vez mais ao mercado de capitais

Com a alta da Selic a 14,25% já precificada pelo mercado que prevê o quinto aumento consecutivo dos juros para março, a tendência é que as empresas busquem alternativas de financiamento. Para João Peixoto Neto, sócio-fundador da Ouro Preto Investimentos, empresas vão recorrer cada vez mais ao mercado de capitais, por meio de fundos de crédito privado, como os FIDCs, e aposta que serão o principal canal de crédito em todos os segmentos nos próximos anos. “Os maiores bancos devem limitar o crédito, dificultando ainda mais o acesso das empresas aos canais tradicionais”, diz. Os FIDCS tem atraido novos investidores e viraram sinônimo de diversificação.
O novo aumento dos juros pode agravar a crise financeira de muitas empresas. “Com o aumento da taxa de juros, certamente as recuperações judiciais, que já bateram recorde, irão disparar ainda mais, e teremos um número maior de falências. Isso impacta diretamente os bancos e fundos de investimento, pois faz parte da gestão de crédito. Com uma Selic alta, é possível suportar uma inadimplência maior. Na verdade, o lucro dos bancos até aumentará. Mas, para as empresas, essa situação é trágica”, afirma.
Embora o setor público continue impulsionando o consumo, Peixoto Neto ressalta que o mercado privado enfrenta desafios crescentes. “A inflação está corroendo o poder de compra da população, tornando as pessoas mais pobres. Além disso, o aumento da concorrência com produtos chineses e a alta da carga tributária criam um ambiente desafiador para o varejo. O resultado desse cenário será um crescimento expressivo da inadimplência e do número de recuperações judiciais”.
Com o risco elevado, os bancos devem restringir ainda mais a concessão de crédito, o que levará empresas mais frequentemente ao mercado de capitais. “Os FIDCs devem se tornar o principal canal de crédito, em todos os segmentos, dentro de poucos anos”, explica.