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Por que o preço do petróleo caiu mesmo com a guerra no Irã

O mundo iniciou uma transição energética para fontes renováveis e não depende mais tanto do Oriente Médio para os combustíveis fósseis

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 jun 2025, 16h08 - Publicado em 24 jun 2025, 13h47

Quando o parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, ponto de passagem de 20% do petróleo exportado no mundo, muitos analistas previram uma disparada no preço da commodity. Aconteceu o contrário. Mesmo antes do cessar-fogo exigido pelo governo dos Estados Unidos a Israel e ao Irã, que ninguém sabe quanto tempo vai durar, o valor do petróleo caiu nos últimos dias.

O preço do barril do petróleo cru saiu de cerca de 73 dólares no dia 20 de junho para ser negociado a menos de 65 dólares nesta terça-feira, 24. O brent caiu de cerca de 76 dólares para 67 dólares o barril no mesmo período. A explicação é uma combinação de baixa demanda com aumento de oferta.

Enquanto o mercado se preparava para uma crise, os países exportadores do Oriente Média aumentaram o fluxo de saída de petróleo, inundando um mercado já saturado. Irã, Arábia Saudita, Kuwait, Iraque e Emirados Árabes Unidos aceleraram sua produção em relação ao mês anterior. Dados de satélite e informações de exportação sugerem que o Irã, mesmo após quase duas semanas de bombardeios, elevou sua produção para mais de 3,5 milhões de barris diários, atingindo o maior nível em sete anos. Outros grandes produtores do Golfo também elevaram suas exportações acima do esperado após o aumento das cotas de produção da OPEP+.

Nos Estados Unidos, a alta do preço do petróleo durante os primeiros dias do conflito permitiu que produtores de petróleo de xisto travassem preços futuros mais altos, garantindo rentabilidade e aumentando a produção. Pequenas variações no preço do barril têm grande impacto sobre a produção americana, e a possibilidade momentânea de vender a preços mais altos incentivou o setor a continuar investindo, mesmo diante de um cenário global de excesso de oferta.

A chegada do verão no hemisfério norte, tradicionalmente um período de aumento na demanda, é o último obstáculo antes que o excesso de oferta se torne ainda mais evidente. O conflito, ao contrário do que se imaginava, agravou o desequilíbrio entre oferta e demanda, já que o consumo de petróleo vinha perdendo força com o cenário de desaceleração da economia global. Historicamente, conflitos no Oriente Médio costumam ser seguidos por aumento na oferta de petróleo, como visto após as Guerras do Golfo em 1991 e 2003.

Embora o cessar-fogo entre Irã e Israel ainda seja frágil e novos choques não possam ser descartados, o quadro atual é de abundância. No cenário de longo prazo, há dois fatores: o mundo iniciou uma transição energética para fontes renováveis e não depende mais tanto do Oriente Médio para se abastecer de combustíveis fósseis. No curto prazo, os produtores árabes e o Irã aumentaram as exportações quando o conflito iniciou. Resultado: o mercado tem mais petróleo do que precisa, pressionando os preços para baixo.

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