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Por que as sanções do Ocidente não são suficientes para deter Putin

A Rússia traçou estratégias que a deixam em uma posição confortável mesmo que sofra cercos importantes dos Estados Unidos e da União Europeia

Por Luisa Purchio 23 fev 2022, 16h36

Desde que a Rússia reconheceu a autonomia de territórios separatistas no leste da Ucrânia, o que é visto pelos Estados Unidos e aliados como o primeiro passo para uma invasão completa de Vladimir Putin, os EUA, União Europeia e Reino Unido vêm anunciando sanções para tentar conter o país.

Nesta quarta-feira, 23, a União Europeia anunciou que congelará os bens e proibirá viagens de todos os membros da câmara baixa do Parlamento russo. O Reino Unido, por sua vez, anunciou que proibirá a Rússia de emitir novos títulos do mercado inglês, seguindo o que já foi feito pelos Estados Unidos. Essas medidas se somam às anunciadas na terça-feira, 22, como a sanções americanas aos bancos russos e a paralisação dos trâmites para o novo gasoduto do país  à Alemanha.

Há, também, um pacote de novas restrições ocidentais na manga caso Putin avance em territórios ucranianos. “Haverá sanções ainda mais duras a oligarcas-chave, a organizações-chave na Rússia, limitando o acesso da Rússia aos mercados financeiros, se houver uma invasão em grande escala da Ucrânia”, disse Liz Truss, secretária de Relações Exteriores do Reino Unido.

Apesar das medidas, elas são vistas como muito brandas e especialistas afirmam que elas sequer “arranharão” a economia russa. Entre os motivos, está o fundo de reservas russo com mais de 600 bilhões de dólares acumulados com os excedentes do valor internacional do petróleo. Importante exportador da commodity, a Rússia se beneficiou da alta do produto no mercado global para se capitalizar.  “Esse fundo de reserva com os excedentes do valor internacional lhe conferiu uma fortuna que permitirá enfrentar os dramas e o cerco econômico tranquilamente. Por maiores que sejam as sanções, ela vai atravessar  essa crise muito bem”, diz Lenina Pomeranz, especialista em economia russa da USP e doutora pelo Instituto Plejanov de Moscou de Planificação da Economia Nacional.

Desde 2014, quando a Rússia anexou a Península da Crimeia, os Estados Unidos e governos aliados estabeleceram sanções à Rússia, mas elas não foram suficientes para deter Putin. “Ele não vai mudar seus planos em relação à Ucrânia devido às sanções, porque não é a primeira vez que elas acontecem. De certa forma, a Rússia já as recebe como algo que tem de acontecer”, diz ela.

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Apesar de necessárias, estabelecer medidas mais rígidas teria um impacto significativo para a economia das nações do ocidente. A Alemanha, por exemplo, é altamente dependente do gás natural exportado da Rússia e o inverno que pode durar até março torna ainda mais importante a importação do produto utilizado no aquecimento das casas. Já uma parte considerável do petróleo consumido globalmente vem da Rússia e deixar de importá-lo encareceria ainda mais o produto.

Outra questão que fortalece Moscou é a sua coalizão com a China, cuja economia é sólida. Juntos, os dois países criaram um bloco importante na geopolítica internacional, tanto econômica quanto politicamente, o que levou os Estados Unidos a perderem a posição de grande condutor dos eventos internacionais.

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