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Por que a China reduz os juros enquanto o mundo eleva

Dados de desaceleração começam a preocupar as autoridades chinesas; banco central realiza corte na taxa para impulsionar o crescimento

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2022, 14h11 - Publicado em 18 ago 2022, 16h14

Os dados de desaceleração da China começam a preocupar as autoridades chinesas, levando o Banco Central do país a realizar um corte inesperado na taxa de juros para impulsionar o crescimento. A redução foi de 10 pontos-base, reduzindo a taxa de recompra reversa de sete dias  de juros de 2,10% para 2%, e a taxa de empréstimo de médio prazo de um ano (MFL), de 2,85% para 2,75%. Apesar do esforço, grandes bancos avaliam que a medida será insuficiente para despertar o gigante.

Os analistas do Goldman Sachs reduziram a previsão do PIB real da China de 3,3% para 3,0% para o ano de 2022, considerando os dados de atividade mais fracos do que o esperado, o enfrentamento do aumento de casos de Covid-19 e um verão quente e seco, que estressa o fornecimento de energia e causa cortes de produção em certas províncias e alguns setores de uso intensivo de energia. O banco também cortou a previsão para 2023, de 5,5% para 5,3%. “As perspectivas de crescimento do próximo ano permanecem altamente incertas neste momento e dependem crucialmente dos desenvolvimentos no setor imobiliário e da política de Covid-19 nos próximos trimestres”, avalia o Goldman Sachs.

O movimento vai contra a tendência mundial de elevação nos juros, em um momento em que as principais economias buscam retirar liquidez do mercado para controlar a inflação. Apesar de a inflação ser um fenômeno mundial, a China enfrenta poucas pressões inflacionárias. Devido à política rígida de controle dos casos de Covid-19 – que geraram novos lockdowns no país -, a demanda doméstica foi enfraquecida, assim como o mercado imobiliário, que era um grande motor de crescimento da China. “Dados recentes sugerem que a recuperação econômica do país após a pandemia pode ter parado ou até revertido um pouco em julho”, avalia o Goldman Sachs.

Em meio a temores de uma recessão global, muitos países aguardavam que o crescimento da China pudesse funcionar como uma âncora nesse momento contracionista, impulsionando parte das atividades dos países, em especial, exportadores como o Brasil, que tem na China o seu principal parceiro comercial. Com a desaceleração do país asiático, a demanda por commodities deve reduzir, refletindo em menores preços no mercado internacional. O efeito disso é menor pressão inflacionária no cenário doméstico, mas maior probabilidade de desvalorização do real frente ao dólar. O dólar vem se fortalecendo internacionalmente nos últimos meses com o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos.

A desaceleração imobiliária começou há cerca de um ano por escolha política de reduzir a alavancagem do setor. Segundo Yi Wang, chefe da equipe imobiliária da Ásia-Pacífico da Goldman Sachs Research, promotores imobiliários na China estão sem financiamento para terminar as propriedades e alguns compradores pararam de fazer pagamentos de hipotecas em casas incompletas. “Cerca de 2% das hipotecas pendentes foram boicotadas, o que provavelmente é apenas uma pequena parte das casas que correm o risco de não serem concluídas”, diz Wang.

Apesar de o governo prever uma injeção de 98 bilhões de dólares para o setor, as expectativas do mercado ainda são bastante negativas. No longo prazo, o mercado imobiliário da China provavelmente sofrerá uma desaceleração de vários anos, à medida que o governo empurra o setor para a desalavancagem, de acordo com a Goldman Sachs Research. A urbanização e o crescimento populacional, dois estímulos importantes para o mercado imobiliário, também estão desacelerando.

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