Política de preços da Petrobras é agenda mais relevante, diz GAP Asset
Gestor avalia que o tema tem impacto direto na rentabilidade da empresa
A política de preços dos combustíveis da Petrobras é o ponto mais relevante a ser observado pelos investidores após a escolha de Magda Chambriard para a presidência da empresa, afirma Viccenzo Paternostro, gestor de ações da GAP Asset. Para Paternostro, o tema tem impacto direto na rentabilidade da empresa.
Segundo o especialista, a gestão de Jean Paul Prates foi bastante relevante para os investidores locais e internacionais de Petrobras porque havia previsibilidade de dividendos elevados e forte geração de caixa, fruto do crescimento de volumes de produção nas plataformas que vão entrar em operação nos próximos 18 meses no pré-sal — o que colocava a estatal entre as melhores teses de investimento no mundo no setor, acima até mesmo de gigantes como Exxon Mobil e Chevron.
“A grande dúvida do mercado agora é qual será o impacto da nova gestão na geração de caixa e dividendos da companhia. A política de preços, a meu ver, é o ponto mais relevante a se observar porque, se houver mudança, isso seria muito ruim”, afirma ele em entrevista a VEJA. “Vejo pouca pressão atualmente para uma mudança na fórmula de preços, precisaria acontecer um cenário de muito estresse que levasse o petróleo Brent para algo como 150 dólares [o barril], o que é improvável. Mas, se houver uma canetada, como já aconteceu no passado, a tese de Petrobras cai por água abaixo.”
Para o gestor, a troca de CEO, da forma como foi conduzida, cria uma nova incerteza no mercado porque a nova administração costuma entrar com um novo mandato, diferente do que vinha sendo feito — crescimento de volumes de produção, pagamento de dividendos e desinvestimentos. Agora, temas que não estavam necessariamente no radar do mercado voltam ao destaque da agenda.
Além da política de preços, Paternostro afirma que os investidores deverão observar de perto o andamento do plano de investimento da estatal (capex). Um dos pontos é a construção de plataformas de exploração, cujas peças são, no geral, importadas. O desejo do governo, na esteira de uma tentativa de ressurgimento da indústria naval, é fazer com que tais componentes fossem produzidos internamente — o que pode elevar os gastos da petroleira devido à ineficiência.
Ainda na agenda de desinvestimentos, a escolha por atuar em refinarias também é um aspecto importante. “Se for para ‘desengargalar’ uma planta que já existe, sem problemas. Mas, se tivermos uma nova Abreu e Lima, é algo muito pior”, diz o gestor, lembrando que o orçamento inicial para o empreendimento era de 2 bilhões de dólares, contra um custo final de 18 bilhões de dólares para uma entrega incompleta. “Essa questão pode render desde uma situação não muito grave até algo com um grande potencial de estrago, então volta a ser monitorado.”
Um outro aspecto relevante são as fusões e aquisições que a estatal fará daqui para frente, desde a recompra de refinarias que já foram vendidas até a compra da Vibra Energia, ex-BR Distribuidora, no intuito de fazer uma reestatização. “Esse tema é muito amplo em possibilidades, mas não estou tão pessimista em relação a isso por enquanto”, diz o gestor.