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PIB do 1º trimestre: forte dependência do agronegócio preocupa economistas

Puxado pela safra recorde de grãos no primeiro trimestre, o agronegócio deve contribuir menos nos próximos meses

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 Maio 2025, 11h33 - Publicado em 30 Maio 2025, 11h30

O grande peso do agronegócio no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre preocupa os economistas. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o agro avançou 10,2%, muito à frente dos outros componentes do PIB. A indústria cresceu 2,4%; os serviços, 2,1%; o consumo das famílias, 2,6%; e o consumo do governo, 1,1%. O único componente que chegou perto do desempenho do agronegócio foi a formação bruta de capital fixo (FBCF), que reflete a taxa de investimentos produtivos, cuja alta foi de 9,1%. Com isso, o PIB pôde crescer 2,9% na comparação com um ano antes.

A contribuição da produção rural para a economia já era esperada pelos analistas, já que o início do ano coincide com a colheita de grãos que, em 2025, bateu um novo recorde. Isso não significa, contudo, que a “agrodependência” não cause preocupações. “A composição do PIB reflete uma economia que ainda depende fortemente do agronegócio, o que gera dúvidas sobre a sustentabilidade desse ritmo de crescimento no médio prazo.”, afirma André Matos, CEO da MA7 Negócios, gestora especializada em ativos de special situations, como empresas em recuperação judicial.

“Dado que esse favorável desempenho [do agronegócio] teve origem na maior safra de todos os tempos, cujos efeitos se dissiparão ao longo deste exercício, é pouco provável que ele se repita nos próximos três trimestres”, afirma Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e colunista de VEJA. Outros analistas se alinham a essa visão de que o Brasil não poderá contar com o desempenho do campo daqui para frente. “Devemos observar um esgotamento da contribuição do setor agropecuário”, diz Yihao Lin, gerente de análises econômicas da Genial Investimentos. “A economia dependerá cada vez mais de um crescimento derivado de setores mais cíclicos, como indústria e serviços”, acrescenta Lin.

O problema é que os números do primeiro trimestre mostram que a indústria e os serviços seguem um ritmo bem mais modesto. A primeira avançou 2,4% sobre o mesmo período do ano passado, e os serviços, 2,1%. Para complicar a situação, “na margem”, isto é, quando comparado com o quarto trimestre de 2024, o desempenho foi ainda menor. A indústria registrou um recuo de 0,1%, e os serviços cresceram apenas 0,3%. Mesmo o consumo das famílias, que costuma ser uma das molas da economia em governos petistas que o estimulam por meio de políticas expansionistas, andou em marcha lenta na mesma comparação, com alta de 1%.

“Os sinais da produção e do consumo nos permitem imaginar um crescimento menor a partir de agora”, diz Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV. Embora os especialista ainda precisem refazer as contas para determinar as novas estimativas para o PIB de 2024, Padovani estima que o crescimento deva ficar entre 2% e 2,5%. “Mesmo menor, será um ritmo importante.”

 

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