P&G inaugura centro de inovação em SP e vê oportunidade em época de crise
Segundo a presidente da companhia no Brasil, em momentos de instabilidade, 'é quando a inovação se faz mais relevante'
A multinacional americana Procter & Gamble, dona de marcas como Ariel, Oral-B e Gillette, inaugurou nesta terça-feira, 7, um centro de inovação em Louveira, no interior de São Paulo. Com investimentos de mais de 200 milhões reais e suporte da InvestSP, agência de promoção de investimentos ligada ao governo do estado de São Paulo, o centro ficará responsável pelo desenvolvimento de produtos da companhia e por pesquisas entre consumidores.
O Brasil é o oitavo país a receber um centro de inovação da P&G (ao todo são 14 no mundo) e, segundo a companhia, isso aconteceu porque o brasileiro é muito engajado com os produtos da marca. “Por trabalhar com consumidores mais exigentes, nós podemos adentrar melhor no mercado da América Latina e, até, no mundo”, afirmou Kathy Fish, líder global de pesquisa da empresa, em entrevista a VEJA.
Segundo a executiva, o Brasil é um dos maiores mercados para a companhia, então a importância do investimento é encontrar os meios mais eficientes para resolver os problemas dos consumidores, melhorando sua qualidade de vida.
Além disso, a instalação brasileira possui um diferencial das demais presentes no mundo: na mesma planta, há uma fábrica, uma distribuidora da marca e o novo centro. Mas não foi por acaso. “Combinamos intencionalmente com a nossa fábrica e o centro de distribuição que despacha para o mundo inteiro. Esse é o primeiro complexo da P&G que tem esse tipo de perfil e, por isso, acaba permitindo uma melhor integração entre engenheiros e executivos da marca, para criarmos soluções e atingir um público mais abrangente”, disse Fish.
De acordo com a executiva, as pesquisas feitas no Brasil serão utilizadas na sede de desenvolvimento mundial, sediada em Boston (EUA), e seus resultados serão utilizados para suprir as necessidades dos consumidores na America Latina.
Apesar de a economia brasileira ainda não demonstrar sinais de crescimento, o momento é oportuno para investimentos, segundo Juliana Azevedo, presidente da P&G no Brasil. “Mesmo com a crise, nosso compromisso com o Brasil será a longo prazo e nós acreditamos que, durante esses momentos de instabilidade, é quando a inovação se faz mais relevante, porque precisamos alinhar preço e superioridade comercial de uma forma significativa para os consumidores que têm um orçamento limitado”, disse. “Quando há uma crise, as necessidades, os problemas e os desafios são mais complicados, e resolvê-los é avançar na inovação”, completou Fish.
A companhia investe 2 bilhões de dólares anualmente em pesquisa e desenvolvimento a nível global. Só no Brasil, foram investidos 2 bilhões de reais nos últimos cinco anos. A escolha da localização do centro de inovação no país foi feita após análise de vantagens estratégicas, que incluem: talento técnico, proximidade com universidades de ponta e infraestrutura adequada. A unidade será responsável por abrigar pesquisas para as áreas de cuidados com bebês, beleza, casa e higiene, femininos e orais. O objetivo é desenvolver produtos, embalagens e processos produtivos cada vez mais sustentáveis. Além disso, se dedicará também a pesquisas com consumidores.
O governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), esteve presente na cerimônia de inauguração nesta terça-feira. “Aqui são 200 milhões de reais de investimentos, mais 150 empregos de altíssima qualidade, pois temos técnicos, cientistas, engenheiros e especialistas, muitos formados na Unicamp, outros na Fatec e na Etec, que também pertencem ao governo do Estado de São Paulo”, afirmou.