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Petrobras tem margens de combustíveis apertadas após alta do petróleo

A política de preços da empresa tem como base o preço de paridade de importação, formado pelas cotações internacionais de gasolina e diesel

Por Reuters Atualizado em 4 jun 2024, 15h13 - Publicado em 6 jan 2020, 16h28

Sem reajustar diesel e gasolina há semanas, a Petrobras está com margens apertadas e deverá elevar os valores cobrados nas refinarias nos próximos dias, caso as altas dos preços no mercado internacional devido a tensões no Oriente Médio se mantenham. A petroleira publicou, na sexta-feira 3, que decidirá “oportunamente” sobre os próximos ajustes, depois que um ataque ordenado pelos Estados Unidos matou o importante comandante militar iraniano Qassem Soleiman e impulsionou os preços no mercado externo. O petróleo Brent, referência internacional, fechou em alta de 3,6% na sexta-feira, a 68,60 dólares por barril. Nesta segunda-feira, 6, a cotação chegou a ultrapassar o patamar dos 70 dólares por barril, mas operava com alta de 0,15%, a 68,70 dólares, no início da tarde no Brasil.

Ainda não há clareza sobre as potenciais consequências desse ataque na produção de petróleo global e, por isso, um reajuste da Petrobras ainda poderá aguardar. “A margem está apertada, sim”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, pontuando acreditar que a empresa permanecerá acompanhando o mercado, mas sem repassar volatilidades. “Ainda não está consolidada a reação do mercado. Não foi um aumento tão grande das cotações, que poderão ainda subir ou cair. Por isso, eu acho que a Petrobras deve aguardar um ou dois dias para fazer seu reajuste”, completa. Araújo ponderou, entretanto, que se as altas se mantiverem contínuas, a empresa eventualmente terá que elevar preços. Para ele, a petroleira precisa manter sua posição de independência em relação ao governo, para que possa seguir com seu programa de venda de ativos e melhorar sua saúde financeira.

A política de preços da Petrobras para gasolina e diesel tem como base o preço de paridade de importação, formado pelas cotações internacionais desses produtos mais os custos que importadores teriam, como transporte e taxas portuárias. No entanto, a empresa tem evitado repassar volatilidades externas ao mercado doméstico, depois que uma greve de caminhoneiros eclodiu no ano passado, em meio à política anterior de ajustes quase que diários nas cotações da petroleira. A Petrobras não revela seus cálculos de paridade de importação.

A petroleira não reajusta o diesel desde 21 de dezembro. Pelos cálculos da Abicom, “com a elevação do preço no mercado internacional, de 4 centavos por litro no último reajuste, e fixação nos preços domésticos, as operações de importação seguem inviabilizadas, com defasagens variando em até 13 centavos por litro. Já a gasolina está com os preços mantidos desde 1 de dezembro. Segundo a Abicom, desde o último reajuste, o preço do produto no mercado internacional teve queda de 5 centavos por litro, abrindo oportunidades para importação para Santos e Aratu.

A consultoria INTL FCStone, por sua vez, informou em relatório a clientes que a defasagem no diesel no mercado doméstico em relação ao externo no momento está, em média, próximo a 4 centavos por litro. A gasolina, segundo a consultoria, está com defasagem de até 2 centavos. “O cenário ainda é de incerteza e não temos nenhuma restrição efetiva na oferta global, com a alta de preços sendo apenas prêmio de risco até o momento”, disse à Reuters o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.

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O presidente Jair Bolsonaro chegou a procurar a Petrobras na sexta-feira para avaliar o cenário de preços, mas tem mantido sua posição de que o governo não irá interferir na política da petroleira estatal. Especialistas defendem mudanças na cobrança de impostos sobre os combustíveis que permitam amenizar impactos no mercado interno sem que a arrecadação seja afetada.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires destacou acreditar que a Petrobras reaja da mesma forma como agiu no último evento de maior relevância no oriente médio, quando instalações da Arábia Saudita foram alvejadas em setembro. “Eu acho que a Petrobras vai agir da mesma maneira que agiu no caso do ataque feito à Arábia Saudita. Ela está aguardando para ver se a poeira abaixa ou não e, dependendo dessa semana, ela vai tomar uma decisão”, disse Pires. Ele ressaltou não acreditar em uma disparada importante de preços, a não ser que eventos extremos aconteçam, uma vez que a demanda global pelo petróleo não está alta e que a produção dos países que não pertencem à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se tornou mais relevante nos últimos anos.

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