ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Petrobras já deixou de faturar R$ 20 bilhões com ‘congelamento de preços’

Cenário remete a um passado não tão distante, durante a gestão de Dilma Rousseff, quando a política de preços controlados levou a uma grave crise na companhia

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jan 2025, 18h28 - Publicado em 28 jan 2025, 13h37

A tolerância da Petrobras com a crescente defasagem dos preços dos combustíveis em relação aos praticados no mercado internacional já lhe custou muito dinheiro neste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), apenas no período de janeiro a novembro de 2024 a petrolífera deixou de faturar 9,3 bilhões de reais. A conta pode ser ainda maior. A Refina Brasil, entidade que reúne as refinarias privadas do país, estima que as perdas cheguem a 20 bilhões, quando se recua até 2023.

Enquanto os preços globais do petróleo e do dólar sobem, a gasolina e o diesel vendidos pela Petrobras ficam para trás, aumentando a defasagem. A gasolina, por exemplo, encerrou a semana passada com uma defasagem de 7% em relação à média internacional. No caso do diesel, a diferença já chega a 16%, segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).

Ontem, a presidente da companhia, Magda Chambriard, se reuniu com Lula e os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa. A pauta do encontro não foi divulgada, mas Chambriard teria comunicado aos presentes que o preço do diesel será reajustado em breve. O tamanho do aumento ainda é calculado pelos técnicos da empresa.

Embora o ajuste possa encurtar a distância entre o diesel brasileiro e o exterior, a própria reunião da executiva com a cúpula do governo não foi bem recebida pelo mercado, sensível a qualquer ingerência política. “Do ponto de vista da governança corporativa, acrescentamos ainda que a execução da política de preços da companhia é de competência de sua diretoria executiva”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. “Vemos de forma negativa a ocorrência de reunião do governo com o conselho de forma a pressionar este a não reajustar os preços de derivados no país”, comenta.

Esse cenário remete a um passado não tão distante, durante a gestão de Dilma Rousseff, quando a política de preços controlados levou a uma grave crise na Petrobras. Na época, a companhia sofreu um rombo bilionário devido à manutenção de preços artificialmente baixos, enquanto o mercado global operava em patamares elevados. A tentativa de segurar os preços, em nome do controle inflacionário, acabou por gerar uma das maiores crises financeiras da empresa, com impactos devastadores para sua saúde fiscal e operacional. O efeito cascata resultou em um dos maiores episódios de desvalorização da Petrobras, que se viu no epicentro de um colapso financeiro e de confiança do mercado.

Continua após a publicidade

Em fevereiro de 2025, a retomada da cobrança integral do ICMS sobre os combustíveis terá um impacto imediato no aumento dos preços, ampliando ainda mais a defasagem existente entre os valores praticados no Brasil e os preços internacionais. O ICMS, que incide sobre o valor final dos combustíveis, será reajustado em todos os estados, criando uma pressão adicional sobre os preços da gasolina e do diesel.

Esse aumento ocorrerá em um momento crítico, quando a Petrobras enfrenta uma pressão crescente sobre sua política de preços, que permanece inalterada há meses. O último reajuste da gasolina foi realizado em julho de 2024, e o diesel não recebeu nenhum ajuste desde dezembro de 2023. Desde então, a defasagem entre os preços internos e internacionais tem se aprofundado, colocando a estatal em uma posição difícil.

Esse quadro deixa a Petrobras em uma posição altamente vulnerável. A defasagem acumulada pode resultar em uma nova pressão sobre a saúde financeira da empresa e suas operações, podendo levar a uma repetição de erros do passado, quando a gestão de preços foi usada como ferramenta política.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.