Para a Bolsa de NY, Nubank demonstra que interesse pelo Brasil é grande
NYSE espera que movimento do banco digital incentive mais listagens de empresas latino-americanas para 2022; foram três brasileiras neste ano

A estreia do banco digital Nubank na bolsa de valores de Nova York (NYSE) nesta quinta-feira, 9, tem chamado a atenção de investidores de todas as partes do mundo. O mercado acionário americano é considerado a vitrine para muitas das melhores companhias do mundo, e a fintech agora passou a fazer parte deste seleto grupo. Mesmo com as instabilidades locais no Brasil, os investidores estrangeiros, institucionais e físicos, possuem muito interesse pelas companhias locais, garante Alex Ibrahim, chefe de mercados internacionais da NYSE.
O Nubank se tornou a quarta maior empresa do Brasil com negociações no pregão de Wall Street, atrás apenas de Petrobras, Vale e Ambev, desbancando o Itaú. Segundo Ibrahim, os ADRs (american depositou receipts), certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, da Petrobras e da Vale são os mais negociados na bolsa americana. Por isso, a expectativa também é alta para as negociações do banco digital. “O interesse em Brasil não é só de fundos institucionais gigantescos, mas também pelos investidores estrangeiros pessoas físicas”, diz Ibrahim.
Logo após a estreia, as ações da fintech saltaram em mais de 30%, sendo negociadas acima dos 12 dólares, mas apresentaram queda nesta tarde com os papéis cotados a 10,34 dólares. No Brasil, os BDRs (Brazilian depositou receipts) da Nubank são negociados com alta de mais de 18%, a 9,94 reais. As ações estão oscilando na faixa de preço de 9,80 dólares a 10,20 dólares. Diferentemente de Petrobras, Vale, Ambev e Itaú, que têm ações no Brasil e negociam ADRs em Nova York, o Nubank abriu o capital nos EUA e negocia BDRs na B3.
Segundo Ibrahim, o movimento de migração das empresas de tecnologia para os Estados Unidos deve animar outras companhias brasileiras. Apenas neste ano até outubro, quatro empresas de tecnologia decidiram se capitalizar em terras americanas. Só na NYSE foram três: VTEX, CI&T e agora o Nubank, e há a previsão de novas listagens de empresas da América Latina no primeiro trimestre de 2022. Sem poder revelar nomes, Ibrahim diz que as conversas são com fintechs e empresas do ramo de consumo e saúde. Mas especulações do mercado apontam para Hotmart, Creditas e a bandeira de cartões Elo.
As ofertas de ações levantadas neste ano levaram a NYSE a um recorde de 120 bilhões de dólares em ofertas públicas, contra 96 bilhões de dólares do ano passado. Nos últimos cinco anos, a NYSE listou 72% das aberturas do setor de tecnologia e tem se tornado um verdadeiro ponto de encontro para as techs de todo o mundo, mesmo enfrentando a concorrência da Nasdaq, a bolsa de valores mais moderna e que fica mais ao norte de Manhattan, conhecida por ter diversas empresas do Vale do Silício entre seus clientes.