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Otimismo renovado? Ibovespa descola do exterior e dólar cai para R$ 5,90

Índice supera a barreira dos 124 mil pontos em dia de pessimismo global com a nova concorrente chinesa no ramo de IA

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jan 2025, 20h30 - Publicado em 27 jan 2025, 17h46

O Ibovespa surpreende ao encerrar o pregão acima dos 124 mil pontos, em um dia marcado por volatilidade e pessimismo no mercado global, e o dólar cedeu para R$ 5,90, após abir o dia em alta.  Enquanto as principais bolsas americanas sofriam quedas acentuadas, impulsionadas por temores relacionados à ascensão deuma nova concorrente chinesa no mercado de inteligência artificial, o Brasil conseguiu, em grande parte, se descolar desse cenário negativo. O desempenho do índice brasileiro foi impulsionado por ações ligadas a commodities e um ambiente doméstico relativamente mais estável, em contraste com o nervosismo externo. A grande surpresa foi esse otimismo renovada em meio a um cenário doméstico de expecttiva de inflação e taxas de juros mais alta.

O movimento de baixa nas bolsas americanas foi liderado pela queda das big techs, com a Nvidia, em particular, sofrendo um impacto significativo após o surgimento de notícias sobre a DeepSeek, uma startup chinesa que promete revolucionar o setor de inteligência artificial. A DeepSeek desenvolveu um sistema que pode competir diretamente com o ChatGPT, oferecendo uma alternativa potencialmente mais barata, o que colocou pressão sobre as gigantes americanas de tecnologia. “O ‘efeito DeepSeek’ foi o principal catalisador para a realização de lucros em Wall Street hoje”, afirma Alexsandro Nishimura, Diretor da Nomos Investimentos.

A Nasdaq, tradicionalmente mais exposta ao setor de tecnologia, sofreu as maiores perdas, acompanhada de quedas no S&P 500 e no Dow Jones. O mercado global refletiu essas preocupações com a possibilidade de que as empresas americanas, antes dominantes no campo da IA, enfrentem concorrência mais feroz e menos previsível vindas da China. “Esse movimento é parte de uma correção saudável após meses de euforia no mercado americano”, explica Alison Correia, analista e sócio-fundador da Top Gain e da Dom Investimentos. “O setor de tecnologia estava esticado, e a entrada de uma nova concorrente relevante como a DeepSeek trouxe o fator de risco que faltava para ajustar os preços.”

No entanto, o cenário doméstico brasileiro se manteve positivo, com quase todas as ações do Ibovespa em alta, impulsionadas principalmente pelo avanço das commodities. A Vale, beneficiada por dois dias consecutivos de alta no preço do minério de ferro, ajudou a puxar o índice para cima, assim como as empresas do setor petrolífero, que surfaram na alta global do petróleo. A resistência da OPEP em aumentar a produção tem sustentado os preços da commodity, o que favoreceu as petrolíferas listadas no Brasil. “Apesar das tensões políticas envolvendo Donald Trump e sua tentativa de pressionar a OPEP, o mercado de petróleo segue aquecido, o que tem um impacto direto positivo nas ações do setor aqui na B3”, explica Correia.

Outro fator que contribuiu para o descolamento do Brasil em relação ao mercado externo foi o comportamento do câmbio. O real se valorizou frente ao dólar, que encerrou o dia cotado a R$5,90, em movimento contrário ao observado em outras moedas emergentes. A desvalorização do dólar frente ao real contrasta com o desempenho em mercados como Colômbia e México, que sofrem com tensões políticas e diplomáticas envolvendo Trump. “O Brasil, de certa forma, tem conseguido se isolar dessas tensões geopolíticas, o que se reflete no comportamento do câmbio hoje”, afirma Nishimura.

No cenário doméstico, no entanto, nem todas as notícias foram positivas. O relatório Focus, divulgado no início do dia, apontou para uma revisão para cima no IPCA, reforçando a expectativa de inflação mais persistente. Na quarta-feira, o Copom realiza a primeira reunião do ano e a expectativa é de uma elevação de 1 ponto percentual na Selic. Com o Ibovespa em alta e uma valorização inesperada do real, o Brasil termina o dia como um raro ponto de otimismo em um mercado global tomado pela incerteza e pela volatilidade.

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