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Oferta de dólar do BC visa controlar variação cambial; entenda medida

Tensões no cenário externo, como a disputa comercial entre China e Estados Unidos, causaram aumento da demanda de moeda à vista

Por da Redação
Atualizado em 15 ago 2019, 17h09 - Publicado em 15 ago 2019, 16h54

O Banco Central anunciou na quarta-feira, 14, que venderá 550 milhões de dólares à vista no mercado diariamente entre os dias 21 e 29 de agosto. Ao mesmo tempo, comprará o valor em contratos futuros (em que o valor do dólar são definidos por prazo). Esse tipo de operação não ocorria desde 2009, quando a economia global enfrentava os efeitos da crise financeira internacional. A medida é vista como uma forma de controlar o valor da moeda no país. Sob efeito do anúncio do BC, ainda sem a maior circulação de moeda no mercado, o dólar operava em queda na tarde desta quinta-feira, 15. Às 16h40, estava cotado aos 3,99 reais, com queda de 1%.

Segundo analistas de câmbio, o BC percebeu que a demanda por dólar à vista aumentou no país e que não havia a oferta necessária para supri-lá, logo, o real perdia valor em relação ao dólar. Para proteger o valor da moeda, a instituição vai injetar mais dólar à vista no mercado, o que deve baixar seu preço em relação ao real. Nesta semana, a moeda ultrapassou o patamar dos 4 reais. Caso a oferta do BC não tenha demanda suficiente, o restante será ofertado no mercado futuro.

O motivo para o aumento da demanda no mercado à vista é a aversão ao risco em todo o mundo com o temor de uma desaceleração da economia global, consequência principalmente da disputa comercial entre China e Estados Unidos, segundo Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Para ele, “com essa iminência de recessão, existe uma preocupação dos mercados entrarem em colapso e o dólar valorizar frente a outras moedas”, por isso a preferência pelo mercado à vista, utilizado quando o empresário ou exportador precisa de fato mandar dinheiro para fora.

Além do temor global, a crise na vizinha Argentina também pode ter influenciado o BC, segundo Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora. “Os mercados que têm interesse na Argentina e não conseguem atuar lá por causa da situação econômica, acabam vindo para o Brasil. Empresas que atuam nos dois países e estão expostas lá também se protegem mais aqui”, optando por fazer as operações no país, de acordo com ele.

Os dólares ofertados pelo BC vem direto da reserva cambial internacional do Brasil, uma espécie de seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa, como define a instituição. Em julho, segundo o banco, o país tinha 385,7 bilhões de dólares em reserva cambial. O valor que será vendido representa menos de 1% deste total. Para Laatus, a operação não causa riscos e deve ser positiva. “Essa reserva é muito grande para o nosso tamanho e tem um custo alto de operação. Então, o BC também está diminuindo esse custo”, diz ele.

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Simultaneamente à oferta, o BC vai comprar os mesmos 550 milhões de dólares no mercado futuro, utilizado em negociações onde o investidor quer se proteger da variação da moeda. Por exemplo, uma empresa fecha um contrato para vender produtos em outubro projetando o dólar a 3,60 reais. Se o valor estiver maior na data estipulada, ela tem lucro; caso o contrário, prejuízo.

A medida é vista pelos analistas como um contra-peso. O objetivo é não correr o risco de causar um efeito além do esperado no real com a oferta de dólares à vista. Essa recompra ocorre por meio de swaps cambiais reversos: contrato de dólar futuro em que o BC paga ao investidor a variação da Selic no período e recebe a variação do câmbio no swap tradicional é o contrário.

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