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O que significam para o investidor os resultados dos bancos americanos

Apesar de baixos, resultados do segundo trimestre foram melhores que a expectativa e trouxeram conforto aos mercados

Por Luisa Purchio Atualizado em 14 jul 2020, 19h39 - Publicado em 14 jul 2020, 15h11

A esperada temporada de balanço dos bancos americanos com resultados trimestrais começou nesta terça-feira, 14. Se essa divulgação sempre traz expectativa, dessa vez a atenção de investidores aos números é ainda maior, porque mostra o tamanho do rombo que a pandemia do novo coronavírus causou nas instituições financeiras. Os números poderiam alterar as expectativas futuras, já que um dos maiores impactos da pandemia nesse setor é a falta de liquidez. Dos três balanços divulgados nesta terça, dois tiveram resultados acima da expectativa, porém os prejuízos acumulados e o aumento das provisões devido risco de inadimplência trouxeram sentimento de cautela ao mercado. Resumindo: há espaço para otimismo, mas não existe um mar de rosas.

O lucro do JP Morgan, o banco dos Estados Unidos com maior parcela de mercado dos EUA, caiu 51% no segundo trimestre de 2020 em relação ao ano anterior, para 4,7 bilhões de dólares ou 1,38 dólar por ação. “Apesar de alguns dados macroeconômicos positivos recentes e de uma ação governamental significativa e decisiva, ainda enfrentamos muita incerteza em relação ao futuro caminho da economia”, disse Jamie Dimon, presidente-executivo do JP Morgan. “Porém estamos preparados para todas as eventualidades pois nosso forte balanço patrimonial nos permite ser um porto na tempestade ”, disse ele. Apesar da queda ser alta, ela é menor que a estimada pela consultoria FactSet, que previa uma retração para 1,15 dólar lucro por ação. O maior problema foi a queda no pagamento de juros. Houve aumento de 15% na receita da instituição, mas queda de 4% na receita líquida de juros, para 13,85 bilhões de dólares. Quando excluído o pagamento de juros, a receita cresceu 33%, para 19,9 bilhões de dólares, acima dos 15,74 bilhões estimados.

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O Citigroup apresentou lucro e receita acima das projeções dos analistas da FactSet. No segundo trimestre, o lucro líquido foi de 1,3 bilhão de dólares, ou 0,50 centavos de dólar por ação, superior à projeção de 0,36 centavos de dólar. Já a receita no período foi de 19,77 bilhões, acima dos 19,1 bilhões de dólares esperados. Em relação ao primeiro trimestre do ano, houve crescimento de 1 bilhão de dólares na receita. Um dos maiores responsáveis por esses ganhos foi o aumento do investimento em renda fixa e no banco de investimentos. Por outro lado, assim como nas outras instituições, o crédito ficou mais caro e triplicou seu custo em relação ao mesmo período do ano anterior, para 7,9 bilhões de dólares. “Enquanto os custos de crédito pesaram na nossa receita líquida, nosso desempenho geral dos negócios foi forte durante o trimestre e conseguirmos navegar razoavelmente bem pela pandemia de Covid-19”, disse Michael Corbat, CEO do Citigroup, em comunicado aos investidores.

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Já o Wells Fargo foi o que teve um desempenho pior que o esperado pelo mercado. O prejuízo no segundo trimestre desse ano foi de 2,69 bilhões de dólares, ou 0,66 centavos de dólar por ação, pior que a expectativa da consultoria FactSet, que previa 0,16 centavos de dólar de prejuízo por ação. A receita líquida diminuiu 18%, para 9,9 bilhões de dólares, menos que a expectativa de 10,3 bilhões de dólares. Já as reservas para inadimplência de crédito mais que dobraram em relação ao mesmo período do ano anterior, para 20,4 bilhões de dólares, e foram as maiores responsáveis pelos números ruins. “Estamos extremamente desapontados com os resultados do segundo trimestre”, disse Charlie Scharf, CEO do Wells Fargo. “Embora o impacto da pandemia seja sem precedentes, e muitos de nossos direcionadores de negócios tenham sido negativamente impactados, nossos resultados devem performar melhor e faremos mudanças para melhorar nossa performance”, disse ele. Apesar do discurso sobre mudanças, o impacto no valor de mercado da empresa foi inevitável. Por volta do meio-dia no horário de Brasília, as ações do Wells Fargo estavam em queda de 6,14% nas bolsas de Nova York.

Os resultados dos bancos tiveram leve impacto nas bolsas americanas, que também são influenciadas pelas novas ondas de Covid-19, e, principalmente, pelos dados da inflação por lá, que subiu 0,6% em junho, primeira alta desde fevereiro. Com isso, o S&P 500 operava em alta de 0,49% no início da tarde de hoje. O Ibovespa, por sua vez, operava em alta de 1,24% em dia de alta volatilidade, influenciado pela alta nos papeis da Petrobras e da Vale. Até quinta-feira 16, estão previstas as divulgações dos balanço do Goldman Sachs, Bank of America e Morgan Stanley.Segundo Edward Moya, analista da consultoria Oanda, os resultados das negociações do JP Morgan mostram uma boa imagem para os bancos de investimento. Por outro lado, os bancos comerciais, como Citi e Wells Fargo, provavelmente terão dificuldades na retomada, já que os negócios com consumidores estão fracos e lutam para se recuperar. Em suma, isso significa que a retomada da economia não está acontecendo ainda de fato na economia real, embora o mercado financeiro esteja recuperando rapidamente o terreno perdido após o surto da doença. De qualquer forma, mostra também que o pior para o campo econômico ficou para trás. Como já dito, positivo, mas com ressalvas.

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