O que o fundador do Nubank irá fazer com sua fortuna de US$ 7,5 bilhões
Em uma decisão ainda incomum entre os super-ricos, o empresário colombiano David Vélez decidiu que vai doar maior parte da fortuna em vida e conta por que

Com um patrimônio avaliado em 7,5 bilhões de dólares, segundo dados da agência Bloomberg, o colombiano radicado no Brasil, David Vélez, um dos fundadores do Nubank, causou um estardalhaço quando anunciou que, ao lado de sua esposa, Mariel Reyes, doaria a mais parte de sua fortuna para projetos sociais em vida. Em entrevista a VEJA, o empresário, de 40 anos, disse que deixar tamanha herança para os filhos seria a “pior coisa” que poderia fazer por eles. “É preciso um trabalho muito duro para vencer na vida”, explica Vélez. “A gente veio da classe média e em nossa família não precisamos de tanto dinheiro para viver e não temos uma vida de tanto luxo. Discutimos muito o que fazer com esse dinheiro e decidimos que não queremos deixar para os nossos filhos.”
O casal assinou uma carta conjunta ao The Giving Pledge, um movimento global de bilionários que incentiva a doação do patrimônio acumulado em vida. A iniciativa foi criada em 2010 pelos empresários multibilionários Bill Gates, Melinda Gates e Warren Buffett. No Brasil, além de Vélez, apenas o empresário Elie Horn, fundador da incorporadora Cyrela, é signatário do The Giving Pledge. Curiosamente, os dois não nasceram no Brasil — Horn é de Aleppo, na Síria. Assim que divulgou o tratado em suas redes sociais, Vélez diz ter recebido diversas mensagens de outros empresários de tecnologia que idealizaram ‘unicórnios’, startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares, que prometiam seguir o exemplo.
“Enfrentar o desafio de crescer na vida é, para mim, uma das grandes satisfações que existem. Isso cria uma autoestima, uma força de caráter impressionante. Se você der um cheque em branco para o seu filho, você tira isso dele”, diz o fundador do banco digital mais valioso do mundo. Vélez tem três filhos e, ao lado da esposa, está à espera do quarto bebê.
A família já tem um histórico de ações filantrópicas. Mariel Reyes é economista e fundadora da startup de impacto social {reprograma}, que dá cursos de programação a mulheres de renda mais baixa e ajuda empresas a encontrar profissionais do setor. O projeto já formou quase 1.000 mulheres. Vélez conta que deseja fazer seu trabalho filantrópico ir além do Brasil. “Vamos criar mais impacto, atacar mais problemas. E vamos fazer isso de um jeito diferente, com grande inovação na filantropia, como fizemos com o Nubank. A gente ainda está no processo de criação, temos uma equipe pequena, em processo de startup ainda”, diz ele. “Estamos muito emocionados com o impacto que esse dinheiro pode trazer ao Brasil, à Colômbia e à América Latina por quatro ou cinco décadas.”