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O próximo vilão: preço do ovo dispara 60% no atacado e preocupa até Lula

Alta foi registrada em apenas um mês e, embora produto não ainda tenha encarecido nos mercados, aumento atípico chamou a atenção de varejistas e autoridades

Por Juliana Elias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 fev 2025, 17h41 - Publicado em 20 fev 2025, 14h01

Depois do café, que viu os preços subirem 40% nos supermercados no ano passado, as gôndolas e estandes das feiras já têm um próximo potencial vilão para o bolso dos consumidores: o ovo. Os preços dele no atacado mudaram completamente de rumo e dispararam no início deste ano, num salto fora do comum e ainda por ser explicado. O aumento em apenas um mês é de 55%, no caso do ovo vermelho, e de quase 62% para o branco. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da escola de agricultura da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e foram compilados por VEJA.

O Cepea acompanha os valores dos alimentos praticados entre os produtores, que é o quanto as redes de varejo pagam para comprá-los e leva-los para as suas prateleiras. Nos supermercados, onde o produto chega ao consumidor final, o preço do ovo ainda está bastante comportado, e até mais barato: ele caiu 4,5% no ano passado, de acordo com os dados do IPCA, o indicador oficial de preços ao consumidor calculado pelo IBGE. Em janeiro, teve uma alta de 0,8%.

Como, entretanto, os supermercados tendem a repassar ao menos uma parte dos seus aumentos de custos aos consumidores e o comportamento dos preços no atacados são sempre um bom termômetro do que deve acontecer logo depois no varejo, o número de pessoas começando a ficar preocupadas com isso está crescendo rápido.

A começar pelo próprio presidente Lula, que, se já vinha tendo dores de cabeça com o preço dos alimentos, adotou agora também o ovo na sua lista de promessas de preços mais baixos aos eleitores. “Quando me disseram que o ovo estava 40 reais a caixa com trinta ovos, é um absurdo”, disse o presidente na manhã desta quinta-feira 20, em em uma entrevista à Rádio Tupi.  “Nós vamos ter que fazer uma reunião com os atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo.”

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Os supermercadistas, que vivem uma luta constante de explicar à sociedade por que aumentam seus preços, também estão atentos. Há dez dias, a associação que representa as redes do setor, a Abras, divulgou um comunicado alertando para a alta repentina e atípica dos ovos. “Desde a segunda quinzena de janeiro, a combinação de alta demanda e oferta restrita tem levado a reajustes significativos; nesta semana, a elevação já chega a 40% em diversas regiões do país”, disse a entidade, que conta que as lojas, que estão fazendo agora o abastecimento para o período do Carnaval e da Quaresma, se assustaram com os preços que estão encontrando dos ovos nos atacadistas.

Em 19 de fevereiro, dado mais recente do Cepea, o pacote com 30 dúzias de ovos brancos estava custando 228,90 reais no atacado. É o equivalente a 7,63 reais a dúzia. Um mês antes, em 20 de janeiro, era 141,59 reais (4,71 reais a dúzia). No caso dos ovos vermelhos, no mesmo intervalo, o preço subiu de 163,54 reais (5,45 reais a dúzia) para 253,83 reais, ou 8,46 reais a dúzia, no mesmo intervalo. Os preços consideram as médias dos postos de abastecimento de cinco cidades acompanhadas pelo Cepea em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Pernambuco.

Possíveis razões

Há algumas forças bastante tradicionais que puxam os preços dos ovos para cima, e todas elas estão funcionando. Uma delas está nos custos de produção, que vêm, basicamente, do milho, a principal ração das galinhas. Ele também está subindo, embora em uma proporção bastante menor: a alta no preço da saca, também de acordo com o Cepea, é de 11%, enquanto, em dólares, o aumento foi de 20%. Em um ano, o aumento acumulado para o mercado doméstico, em reais, é de 29%.

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Outro fator é a demanda. A procura pelos ovos costuma crescer quando o preço das carnes aumenta, e elas estão caríssimas. O preço do frango no supermercado subiu 10%, o das carnes vermelhas, 21%, e o da carne suína, 18%, considerados os acumulados em 12 meses até janeiro pelo IPCA.

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