O possível ‘negócio da China’ para as indústrias da Rússia
Empresas estatais chinesas consideram comprar participações das gigantes russas de petróleo e gás que estão isoladas do Ocidente

A China está considerando comprar ou aumentar participações em empresas russas de energia e commodities, como a gigante do gás Gazprom e a produtora de alumínio United Co. Rusal International. O movimento ocorre após o isolamento russo da economia global devido às sanções impostas por nações ocidentais em resposta à invasão da Ucrânia.
Segundo a Bloomberg, Pequim está conversando com suas empresas estatais, incluindo China National Petroleum, China Petrochemical, Aluminum Corp. of China e China Minmetals, sobre quaisquer oportunidades de investimentos potenciais em empresas ou ativos russos. Qualquer acordo seria para reforçar as importações da China à medida que intensifica seu foco em energia e segurança alimentar — não como uma demonstração de apoio à invasão da Rússia na Ucrânia. As conversas estão em estágio inicial e mostram a saída que Putin e as principais empresas russas podem ter para contornar o isolamento.
Um investimento da China pode ajudar a solidificar o esforço de Moscou para acelerar a virada para a Ásia, com acordo de óleo e gás. A China dobrou as compras de produtos energéticos russos para quase 60 bilhões de dólares nos últimos cinco anos. O gasoduto Power of Siberia começou a enviar gás para a China em 2019, e a Gazprom já está conversando com a Pequim sobre outra rota que pode ser assinada este ano, permitindo eventualmente enviar combustível de campos de gás que abastecem a Europa. Entre os atuais investimentos em energia da China na Rússia, a CNPC tem uma participação de 20% no projeto Yamal e de 10% no Arctic LNG 2, enquanto a Cnooc também possui 10% do Arctic.
Os dois países já vinham fortalecendo os laços, com os presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin assinando no mês passado uma série de acordos para aumentar a oferta russa de gás e petróleo, além de trigo. A Gazprom e a Rosneft estavam entre os gigantes de energia russos selando acordos quando os dois líderes se encontraram em Pequim antes dos Jogos Olímpicos de Inverno. Vale lembrar que a China se absteve de votações na Organização das Nações Unidas sobre sanções à Rússia.
Ainda assim, qualquer investimento na Rússia está repleto de riscos que vão além do equilíbrio geopolítico que Pequim enfrenta. A Rússia tornou-se um mercado quase impossível de investir para empresas globais à medida que a economia do país se deteriora rapidamente. As sanções eliminaram bilhões de dólares dos ativos russos e os títulos despencaram à medida que os riscos de inadimplência se intensificavam. O yuan subiu em relação ao rublo, levantando questões sobre o relacionamento estratégico dos dois países.