O ponto inflacionário visto pelo BC que não está na conta de Bolsonaro
Na elevação da Selic para 12,75%, o Copom considera que a bandeira de energia termina o ano no patamar amarelo e petróleo deve ficar a US$ 100 o barril
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou na quarta-feira 4 a taxa básica de juros em mais um ponto percentual, chegando a 12,75% ao ano. Indicando uma inflação persistente, o comitê estima que o barril de petróleo deva encerrar o ano no patamar dos 100 dólares, pressionando o preço dos combustíveis por aqui. Além disso, o Banco Central estima que a bandeira tarifária de energia encerre o ano no patamar “amarelo”. Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê que até o fim de 2022, a bandeira ficará verde.
O sistema de bandeiras tarifárias de energia cria cobranças extras conforme as condições para a geração de eletricidade. A bandeira verde não gera nenhuma cobrança extra. Já a amarela adiciona 1,87 real na conta a cada 100 kW/h consumido. Entre setembro do ano passado e março deste ano, o Brasil operou na bandeira tarifária “escassez hídrica”, que adicionava um valor de 14 reais a cada 100 kW/h consumidos. Com as chuvas e a melhora no nível dos reservatórios, o governo anunciou a redução da bandeira tarifária, que foi muito festejada por Bolsonaro. A inflação alta tem sido um de seus maiores adversários para tentar continuar no Planalto nas eleições deste ano.
Apesar de estimar a bandeira em um patamar bem menor ao final deste ano do que ocorreu em 2021, uma cobrança extra de energia indica a inflação persistente.
Riscos
Além dos parâmetros de petróleo e energia elétrica, o BC elencou como risco inflacionário a “incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país”. Líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta e meia se posiciona contra o teto de gastos. Já Bolsonaro aumentou os gastos para 2022 justamente com uma mexida no teto, após a aprovação da PEC dos Precatórios no fim do ano passado.