O paradoxo da economia: PIB forte derruba mercado acionário
Crescimento de 1,4% no 1º tri anima pouco: atividade forte adia alívio nos juros

O Ibovespa opera em queda nesta sexta-feira, 30, último pregão de maio, pressionado, paradoxalmente, por uma economia que demonstra sinais de resiliência. . Os investidores reagem à divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2025, que cresceu 1,4% frente ao trimestre anterior.
A leitura do mercado é que o crescimento mais forte da economia reduz o espaço para afrouxar a taxa Selic, atualmente em 14,75%. Isso porque economia aquecida sugere que os juros ainda não produziram o efeito esperado de arrefecer a demanda, o que pode exigir a manutenção — ou até extensão — do aperto monetário.
Essa percepção puxa para cima as taxas dos contratos de juros futuros de vencimentos mais longos, afetando negativamente ações de setores sensíveis ao crédito. O movimento de reprecificação também pressiona o índice como um todo, já que juros altos tendem a reduzir o valor presente dos fluxos de caixa futuros das empresas, diminuindo a atratividade das ações.
No radar fiscal, investidores acompanham as discussões no Congresso sobre a proposta do governo de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No exterior, o cenário também pesa. O dólar se valoriza frente ao real e volta a ser negociado acima de R$ 5,70, em meio à piora do ambiente político nos Estados Unidos. Após uma decisão do Tribunal de Comércio Internacional bloquear as chamadas “tarifas recíprocas” impostas durante o governo Donald Trump, a Casa Branca recorreu e obteve nesta quinta-feira, 29, uma vitória no Tribunal de Apelações. A retórica protecionista de Trump e o embate entre a justiça americana e a Casa Branca afetam o humor das principais bolsas americanas.