O mercado que trará mais recursos ao Brasil – e que nem todos estão olhando
Robert Half, maior consultoria do mundo em recrutamento, vê o país em posição estratégica quando o assunto é mercado de trabalho

O mercado de trabalho no Brasil nunca ofereceu tantas oportunidades. A despeito do crescimento da taxa de desemprego para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, os níveis ainda estão indicando uma estabilização do setor, reforçando as chances para que as empresas repensem formatos de trabalho, ofertas de postos e fontes de lucro, em especial quando o assunto é gerir e reter pessoas.
Esse é o cenário com o qual trabalha David King, diretor-geral da Robert Half para o Canadá e América do Sul. Há quase 20 anos no mercado brasileiro, a Robert Half é a primeira e maior empresa especializada em soluções de talentos no mundo. Em entrevista a VEJA, King comentou alguns tópicos que chamam a atenção no país hoje, as oportunidades de crescimento do segmento no país e a busca por uma melhor equação em relação aos novos modos de trabalho.
Pouca gente viu, mas os sinais existem. “Nós estamos realmente impressionados com a performance das nossas operações no Brasil”, diz o executivo. “É provavelmente uma das nossas operações de melhor desempenho global no último ano.”
King analisa de perto o desenvolvimento do mercado de trabalho, já que a Robert Half tem clientes de médio porte até soluções para empresas maiores, como multinacionais, que buscam não só preencher o quadro de colaboradores, como também maneiras de retenção de pessoas. É, inclusive, uma dinâmica que a Robert Half aplica dentro do seu próprio negócio – e onde os sinais também apontam para uma direção positiva.
“Estamos animados com a força do nosso próprio time e liderança no Brasil”, afirma. “Certamente vamos continuar investindo nas operações no país ao longo dos próximos meses e expandir em qualquer cenário, o que inclui contratar mais pessoas.”
A visão favorável sobrevive até mesmo perante dados econômicos ainda preocupantes, como a resistente inflação brasileira, além das questões comerciais e geopolíticas globais da atualidade — que acabou congelando diversas iniciativas das empresas tanto em expansão do negócio, como em aumento do quadro de funcionários.
“Temos de fato realidades que estão criando incertezas para várias empresas globalmente, e os mercados precisam se adaptar para navegar esse cenário, com um pouco mais de indecisão”, declara. “Mas percebemos que, na maioria dos casos em que atuamos, as companhias seguem interessadas em realizar mais investimentos para crescer, investir e contratar mais pessoas.”
A consultoria também vê no Brasil uma grande oportunidade de discutir o equilíbrio entre formatos de trabalho, após o cenário da pandemia trazer à tona o modelo remoto. De um lado, os trabalhadores passaram a colher os bons frutos com os novos modelos, exigindo uma maior flexibilidade. Na outra ponta, há um modelo tradicional, de modo presencial, que voltou a fazer parte das grandes companhias.
No meio disso, as duas pontas terão que se entender e se equilibrar. “Não tem volta. O futuro do trabalho será diferente do que foi no pré-pandemia”, diz King. “Estamos vendo menos situações em que os empregadores estão oferecendo 100% de trabalho remoto, mas também estamos vendo menos situações em que estão exigindo todos os dias de trabalho presencial.”.
Na leitura da Robert Half, as organizações já caminham para um debate sobre o que é mais eficiente para a promoção da cultura empresarial, sem perder de vista os ganhos adicionais de manter os funcionários em uma escala mais livre. “O Brasil, em várias frentes, é um negócio maduro, maior do que o Chile, por exemplo, na América Latina”, diz King.