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O impacto dos bloqueios dos caminhoneiros nos Ceasas brasileiros

Presidente da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimentos (Abracen) relata falta de frutas e verduras em estados do sul do país

Por Luisa Purchio Atualizado em 3 nov 2022, 19h31 - Publicado em 3 nov 2022, 17h36

Desde o término da apuração das urnas do segundo turno das eleições, no domingo, 30, protestos por todo o país de manifestantes que não aceitam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro bloquearam estradas e a passagem de caminhões com produtos de consumo básico pela população. Nesta quinta-feira, 3, mais de três dias após o início dos protestos, muitas vias já foram liberadas, porém, alguns bloqueios ainda permaneciam a tarde, principalmente no sul do país, região onde os manifestantes são mais persistentes.

Como resultado, a Central de Abastecimento de Porto Alegre (Ceasa-RS), que enfrentava um grande número de bloqueios, relata um desabastecimento praticamente total de uma gama enorme de produtos como tomate, pimentão, vagem, batata, cebola, e de frutas que vêm do Nordeste, como melão, mamão, manga e abacaxi, e de São Paulo, como melancia e uva. O Ceasa-RS estava apenas com produtos do Rio Grande do Sul e que conseguiram passar pelas estradas não bloqueadas, como bananas e um pouco de verduras do início da safra gaúcha, incluindo abobrinha e pepino. Nesta quinta-feira, o dia mais movimentado do Ceasa, clientes ficaram na porta aguardando a abertura.

No Ceasa de Santa Catarina havia problemas semelhantes nessa tarde, com o agravante que os clientes não conseguiam ou nem tentavam chegar no local com receio de passar pelas estradas. “O estado mais preocupante é Santa Catarina, pois ainda ocorrem muitas barreiras. Não chega mercadoria, nem cliente”, diz a VEJA Eder Eduardo Bublitz, presidente da Ceasa Paraná e da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimentos (Abracen). “No entanto, 80% dos outros 72 Ceasas já voltaram ao fluxo normal de mercadorias, tanto de clientes como produtores rurais”, diz ele.

Entre os estados com relatos de normalidade nas operações dos Ceasas, estão Pernambuco, Sergipe, Maranhão e Fortaleza, com apenas pequenos reflexos como redução de mercadorias oriundas do Sul e do Sudeste do país. “Todos sofrem prejuízos, principalmente o produtor rural e o transportador. O produtor rural consegue segurar um pouquinho, mas o transportador é o que perde mais”, diz Bublitz, que afirma que o consumidor vai sentir a diferença pelo menos na qualidade dos produtos expostos.

Já, em relação aos preços, ele afirma que ainda não foi possível verificar o reflexo das manifestações, principalmente nas regiões com maior falta de produtos “Ainda não foi sentido aumento de preço em Santa Catarina porque não tem mercadoria para aumentar. Aonde não tem nenhum saco de batata para vender, pode-se pedir um milhão de reais ou 10 centavos que tanto faz”, diz. “A cadeia de alimentos é muito sensível por se tratar de produtos extremamente perecíveis. É uma cadeia bem organizada e todos perdem com qualquer rompimento de elo, até entrar nos eixos de novo.”

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