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CPI da Americanas mira auditores para tentar desvendar rombo bilionário

Comissão começou a ganhar forma esta semana e anunciou a convocação de executivos ligados a empresas envolvidas

Por Felipe Mendes Atualizado em 1 jun 2023, 09h45 - Publicado em 1 jun 2023, 08h15

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Câmara dos Deputados para investigar as inconsistências contábeis das Lojas Americanas avaliadas em mais de 20 bilhões de reais começou a ganhar forma. Na última terça-feira, 30, foram aprovadas as convocações para o ex-presidente da empresa Miguel Gutierrez; Fernando Dantas Alves Filhos e Carlos Eduardo Munhoz, sócios da PwC e da KPMG, responsáveis por auditar os balanços do grupo varejista nos últimos anos. Em entrevista a VEJA, o relator da CPI, Carlos Chiodini (MDB-SC) disse que também ouvirá representantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o ex-CEO da Americanas, Sergio Rial, acerca do tema.

“Temos um cronograma a ser seguido, com a convocação justamente do pessoal que lidava no dia a dia da empresa, desde os executivos das gestões anteriores assim como o Sergio Rial, que divulgou o Fato Relevante ao mercado, e a atual administração, para entendermos como está o processo hoje em dia”, explica Chiodini. “Também serão convocados os bancos que são credores para explicarem como funcionava a operação [concessão de crédito] em volumes tão altos em relação ao faturamento da empresa. A CVM também será convocada, pois lá já há mais de 12 processos administrativos rolando.”

O relator explica que o tema pede um tratamento especial por parte do Legislativo a fim de que se evite novas suspeitas de fraudes contábeis do tipo. A crise enfrentada pela empresa contaminou todo o comércio varejista, que tem encontrado dificuldades para financiar sua expansão por meio de linhas de crédito este ano dado o risco adicionado pelo caso ao mercado. “Quando a gente tem dezenas de bilhões de reais comprometidos, tem o quarto maior pedido de recuperação judicial da história brasileira, a maior queda no valor nominal de ações na bolsa desde 1994, e o envolvimento direto de investidores dos mais diversos perfis, bancos, 44 mil trabalhadores, isso envolve diretamente o interesse social brasileiro”, diz ele. “Eu creio que a CPI vai trazer um resultado não somente para a apuração dos fatos desse caso específico, mas vai sinalizar a preocupação do Poder Legislativo com essas práticas quando elas forem, como nesse caso, danosas.”

O parlamentar aponta que as explicações das empresas que auditavam os balanços da Americanas serão fundamentais para entender os erros que levaram o grupo varejista ao patamar de mais de 40 bilhões de reais em dívidas. “São empresas que contam com uma grande credibilidade no mercado. É o trabalho delas que afere o valor dessas empresas que são investidas por milhares de investidores de todos os perfis na bolsa de valores. Também tem que trazer à tona nessa discussão a responsabilidade desses auditores, se foi um erro deles ou se eles foram também induzidos ao erro. A gente não vai fazer prejulgamento, mas vamos chamá-los para deixar isso muito claro”, aponta ele. “A gente vai solicitar toda essa comunicação que houve entre o comitê interno e a auditoria da Americanas para chegar a partir daí em documentos, em conversas, que vão nos dar condições de fazer esse julgamento.”

Representante da empresa no processo de recuperação judicial, a advogada Ana Tereza Basilio, sócia do escritório Basilio Advogados, aponta que a CPI não trará maiores consequências para a Americanas. “Eu acredito que a CPI em nada afetará o processo de recuperação judicial. O processo tem por objeto equalizar as dívidas da empresa e pagar os credores depois dessa equalização. Se a CPI vai investigar se houve ilícito praticado por algum ex-executivo da empresa, isso em nada tem a ver com a recuperação judicial”, conjectura.

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