O controverso plano econômico do Reino Unido que faz a libra derreter
A primeira-ministra Liz Truss realizou o maior corte de impostos em décadas no país para estimular o crescimento em um momento de inflação alta

O Reino Unido anunciou um arrojado e controverso plano para estimular a economia do país em um momento que enfrenta a maior inflação em 40 anos. Para alcançar a meta de dobrar o crescimento e evitar a recessão, o governo da primeira-ministra Liz Truss realizou corte radical de impostos, o maior desde 1972, colocando o mercado financeiro em colapso.
A notícia fez a libra cair abaixo de 1,11 dólar pela primeira vez desde 1985 e gerou uma corrida dos investidores na retirada de títulos do governo britânico, que tiveram a sua maior queda diária desde o colapso da Covid-19, em março de 2020. A medida também fez aumentar as perspectivas inflacionárias, com os investidores apostando 50% de chance na elevação de 1 ponto percentual nos juros em novembro.
O corte de impostos e o teto estabelecido pelo governo nos preços de energia devem custar 161 bilhões de libras para os cofres públicos nos próximos cinco anos, o que coloca o mercado em alerta para o risco de endividamento do país. “Esse enorme evento fiscal é uma aposta econômica radical, que colocará a dívida do Reino Unido em uma base instável”, diz Bethany Payne, gerente global de carteira de títulos na Janus Henderson Investors.
A renúncia de receita é a maior em 50 anos, desde o governo de Edward Heath, que foi marcado por inflação e a contração de uma enorme dívida, levando o país a pedir resgate ao Fundo Monetário Internacional. “Aquele orçamento agora é conhecido como o pior dos tempos modernos”, disse Paul Johnson, diretor do Instituto de Estudos Fiscais, na sua conta do Twitter, desejando que o plano de Truss funcione melhor que o do passado.
A meta do governo é alcançar um crescimento de 2,5%, mas os incentivos fiscais adicionam a preocupação de gerar mais estímulos e, portanto, maior inflação. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação, alcançou 9,9% em agosto.