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O cheque canadense de bilhões de dólares para a infraestrutura no Brasil

CDPQ, fundo que administra aposentadorias e pensões no Canadá, pretende ampliar sua participação em empresas brasileiras

Por Felipe Mendes Atualizado em 24 mar 2022, 09h47 - Publicado em 24 mar 2022, 08h29

O fundo de pensões canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec, mais conhecido por suas iniciais CDPQ, está em busca de oportunidades de longo prazo em infraestrutura para aumentar seus aportes no Brasil. Responsável por administrar o dinheiro da aposentadoria de funcionários públicos, como policiais, professores e bombeiros, da província de Quebec, o CDPQ quer evoluir significativamente a participação dos investimentos no país em sua composição acionária. Hoje, o fundo administra cerca de 400 bilhões de dólares em ativos no mundo, sendo que o Brasil representa 1,5% desse montante. Em entrevista a VEJA, Denis Jungerman, diretor-executivo do fundo no Brasil, diz que seu objetivo é fazer os aportes no país alcançarem, no médio prazo, a fatia dos 2,5%. 

“Eu imagino que a gente vá crescer e fazer com que o Brasil se torne o maior país em investimento na América Latina [hoje, esse posto é ocupado pelo México, com 1,7% dos aportes do fundo], o que é natural por conta da relevância do PIB do Brasil na América Latina. Queremos fazer com que o país chegue a 2,5% dos nossos aportes, em uma torta que sempre está crescendo”, diz Jungerman. A empresa, hoje, detém 35% da TAG, dona da maior operação de rede de gasodutos de transporte no país, que pertencia a Petrobras; e 50% da FiBrasil, uma joint venture firmada com a Telefônica Vivo no setor de telecomunicações. Também é dona de uma fatia da Talent, plataforma de busca de empregos, e atua no setor imobiliário por meio da administradora de shopping centers Ancar Ivanhoe. “A gente continua caçando investimentos nos setores de saúde, serviços financeiros, educação e tecnologia, e eventualmente no agronegócio”, revela o executivo.

Jungerman revela que o arcabouço regulatório para investimentos em infraestrutura no país ficou mais atrativo com as microrreformas aprovadas pelo governo de Jair Bolsonaro. Ele cita, como exemplos, os avanços trazidos pelo novo marco legal do saneamento básico e pelo novo marco regulatório do gás natural. “O investidor de longo prazo, como é o nosso caso, quer uma regra clara e sensata. Ele paga, até mais caro se preciso, para ter segurança. Acho que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, tem feito um trabalho muito bom ao lado da equipe dele”, opina Jungerman. “Eles fizeram um trabalho muito bom de olhar as experiências que deram certo em outros países, respeitando as particularidades do Brasil. Os arcabouços regulatórios do gás e do saneamento ficaram melhores. Hoje, as concessões de rodovias estão com um desenho muito mais redondo, o que evita problemas. São fatores indutores de investimento.”

Na onda ESG que tomou conta do mercado financeiro, o executivo reforça o comprometimento anunciado pela empresa em diminuir os investimentos em setores que sejam poluentes ao meio ambiente. O CDPQ assumiu o compromisso de liquidar sua posição em empresas que atuem com a produção de petróleo. “Nós queremos ter um portfólio com emissão liquida zero até 2050. Até o fim do ano, vamos sair completamente da exploração e produção de petróleo, refinarias e carvão. O nosso objetivo é investir em ativos de baixo carbono, como energias renováveis e mobilidade elétrica, por exemplo”, diz ele. “Também queremos investir em projetos de descarbonização, ajudando setores que hoje são de alto carbono.”

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