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O ‘álibi’ de Luciano Hang contra responsabilidade em atos golpistas

Empresário reitera que não participou de manifestações antidemocráticas, mas relatório da PRF teria apontado sua ligação com bloqueios em Santa Catarina

Por Felipe Mendes Atualizado em 11 nov 2022, 17h09 - Publicado em 11 nov 2022, 15h25

Com o nome relacionado por suposto financiamento das manifestações antidemocráticas que ocorrem nas estradas do país nas últimas semanas, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, disse nesta sexta-feira, 11, que tem “provas” de que não participou nem endossou os atos. Na última quarta-feira, 9, uma reportagem da agência de notícias Pública divulgou que o nome do empresário foi mencionado em relatório da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre as interrupções nas rodovias. De acordo com o documento obtido pelo portal, caminhões a serviço da Havan foram enviados deliberadamente para os bloqueios – contradizendo Hang, que negou sua participação nos protestos contra a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas e a favor de uma “intervenção militar” no poder público.

Durante os bloqueios, manifestantes se organizaram próximos às unidades da rede, com direito a música, churrasco e bebidas. Segundo a empresa, a mobilização em suas unidades ocorreu de “forma espontânea”. No comunicado divulgado nesta sexta-feira, Hang chama a reportagem da Pública de “mentira” e usa como álibi uma gravação de câmeras de segurança em que manifestantes surgem em frente a um caminhão a serviço da empresa e obriga o motorista a cruzar o veículo em uma rodovia, em 31 de outubro, no munícipio de Barra Velha (SC). “No mesmo instante, o motorista avisou à empresa por meio de mensagens e foi orientado a acionar a polícia. Inclusive, um boletim de ocorrência foi registrado junto às autoridades competentes”, informou a assessoria de imprensa da Havan.

A Havan reafirmou que Hang não participou dos manifestos, alegando que as 174 lojas de departamentos da rede funcionaram normalmente em todos os dias dos atos golpistas, além de reiterar que o empresário tem se dedicado, desde 30 de outubro, exclusivamente às atividades da empresa. Entretanto, a reportagem da Pública descreve que, em Palhoça (SC), apoiadores de Bolsonaro começaram a se reunir em uma loja da rede logo depois de o resultado eleitoral ter se concretizado. Durante os dias seguintes, funcionários da unidade teriam fornecido, segundo o texto, “cadeiras e bancos de plástico para os manifestantes, além de liberar os banheiros, energia elétrica para o som e o espaço do estacionamento”. Diante de sua rápida organização e disseminação, o poder público suspeita que os atos tenham sido fruto de um esquema de empresários que sustentaram o movimento com doações em dinheiro e mobilização por redes sociais.

Em entrevista a VEJA antes do primeiro turno das eleições, Hang disse: “Vou repensar a minha vida se uma desgraça (a vitória do PT) dessa acontecer. Eu não me vejo mais investindo no Brasil se a esquerda voltar. Sei que se a esquerda voltar não sairá mais do poder, como aconteceu em outros países”. O empresário também ameaçou sair do país se Bolsonaro perdesse as eleições.

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