Número de leilões imobiliários dispara no Brasil e deve continuar crescendo
O volume de leilões aumentou 86% em 2024 e deve crescer 70% em 2025, segundo a plataforma Superbid Exchange. Veja as dicas para entrar nesse mercado

Assim como os juros no Brasil, o mercado de leilões imobiliários está em alta. Com os custos de financiamento mais altos, investidores e compradores passaram a buscar alternativas mais vantajosas – e encontraram nos leilões imobiliários um caminho lucrativo.
Em 2024, o mercado registrou um crescimento expressivo: o volume de leilões aumentou 86% em relação ao ano anterior, com 16 mil propriedades sendo ofertadas, ante 10 mil em 2023, segundo levantamento da plataforma de transação e negociação de bens usados Superbid Exchange. O levantamento usou como base leilões judiciais, promovidos por ordens de tribunais, e extrajudiciais, frequentemente usados por bancos para a alienação de imóveis dados como garantia. O número de eventos mais que dobrou, saltando de 4.371 para 8.145, enquanto as vendas cresceram 156,7%.
A expectativa da Superbid é continuar crescendo em ritmo acelerado. A projeção é que o número de leilões avance mais 70% em 2025. É que clientes do mercado comum, que teriam dificuldades para comprovar renda diante do aumento da taxa de juros, podem migrar para o segmento de leilões, buscando oportunidades mais vantajosas e descontos, explica Glauber Araújo, gerente de Real Estate da Superbid Exchange. “Apesar da alta nos juros, os leilões continuarão sendo vantajosos para investidores capitalizados”, diz.
Os descontos são agressivos. Nos leilões judiciais, os deságios podem chegar a 50% do valor de avaliação, e em casos de recuperação judicial ou falências, os descontos podem atingir 70%. No caso dos extrajudiciais, o desconto varia conforme a praça de leilão, sendo ofertado inicialmente pelo valor de avaliação e depois pelo valor da dívida.
O perfil dos compradores, segundo a Superbid, é predominantemente de pessoas físicas (92,6%), majoritariamente homens (78,5%), com idade média de 43 anos. As casas lideram as compras, representando 30% do total, seguidas por apartamentos (26,8%) e terrenos urbanos (19,2%).
O que impulsionou o mercado de leilões
Os fatores por trás do crescimento em 2024 são diversos. A valorização dos imóveis atraiu investidores imobiliários e de outros setores, enquanto a queda na taxa de juros desde o fim de 2023 reduziu os custos de financiamento e incentivou compradores. ” Em 2024, tivemos um desempenho muito mais forte do que nos anos anteriores. A estabilidade das taxas de juros, combinada a outros fatores, ampliou o interesse tanto de investidores quanto de quem buscava um imóvel para moradia”, explica Glauber Araújo, gerente de Real Estate da Superbid Exchange.
Outro fator que impulsionou o mercado foram as facilidades oferecidas pelas instituições financeiras, como possibilidade de financiamento, uso do FGTS e quitação das dívidas do imóvel até a data do leilão. Além disso, os leilões judiciais passaram a permitir parcelamento, e os extrajudiciais, financiamentos de até 35 anos.
As recomendações para quem vai se aventurar no mundo dos leilões pela 1ª vez
O gerente da Suberbid indica que o comprador escolha um imóvel ou terreno em local que ele já conhece. ” Sempre indico que a pessoa não saia atirando para todos os lados e comece por um local que já conhece”, diz. Ele indica preciso atenção aos detalhes do edital. Todo leilão tem edital e eé esse documento que define as regras da aquisição, incluindo eventuais dívidas do imóvel. “Em muitos casos, o valor de arrematação já inclui a quitação de dívidas, mas é essencial que o comprador verifique essa informação com atenção”, Araújo.
Outra questão relevante é a ocupação do imóvel. Caso esteja ocupado, o ideal é que o comprador busque uma negociação direta com o morador ou consulte um advogado para avaliar os custos e o tempo de um eventual processo judicial de desocupação. “Na maioria dos casos, os ocupantes já estão cientes da situação e podem negociar um prazo para saída. No entanto, caso seja necessário entrar com uma ação judicial para desocupação, o processo pode gerar custos adicionais”, diz Glauber.