Número de desempregados subiu 9,3% em 2014, mostra Pnad
Com o aumento, total de pessoas sem trabalho no país chegou a 7,3 milhões no país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE
O número de brasileiros desempregados cresceu 9,3% em 2014, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2013 e 2014, o contingente passou de 6,63 milhões para 7,25 milhões de desocupados, um acréscimo de 617.200.
Já a taxa de desemprego, que foi de 6,5% em 2013, passou a 6,9% no ano passado. Em 2012, o desemprego foi de 6,1% e, em 2011, de 6,7%. O cálculo do número de desempregados considera as pessoas que estão sem trabalho, mas em busca de uma nova colocação.
Diferentemente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que analisa apenas as seis principais regiões metropolitanas do país, a Pnad mostra a desocupação em todo o território nacional. Seus dados saem com defasagem maior que a PME, mas são considerados mais abrangentes.
Do total de desocupados em 2014, a maioria era de mulheres (56,7%), com idade entre 18 e 24 anos (34,3%), negra (60,3%) e sem ensino médio completo (50,1%). O quadro é similar ao registrado de 2013.
Segundo a Pnad, as variações mais significativas foram dos porcentuais dos desocupados que não tinham trabalhado anteriormente — queda de 2,7 pontos porcentuais — e dos jovens de 18 a 24 anos de idade (crescimento de 1,6 ponto porcentual). No recorte geográfico, todas as regiões tiveram aumento da desocupação, principalmente o Sudeste, onde a taxa passou de 6,5% em 2013 para 7,3% em 2014.
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Ocupados – O número de pessoas que ocupavam uma vaga de trabalho em 2014 totalizou 98,6 milhões em 2014, o que representa um crescimento de 2,9% em relação a 2013. O fato de o indicador ter subido mostra a entrada de mais brasileiros no mercado de trabalho e o aumento do criação de vagas – porém, em quantidade insuficiente para suprir os novos brasileiros em idade ativa.
Ainda entre os que tinham trabalho, o nível de instrução predominante foi o ensino fundamental incompleto ou equivalente (26,4%) e os com ensino médio completo ou equivalente (30,1%). Os ocupados com ensino superior completo registraram participação de 13,9% em 2013 e de 14,3% em 2014.
Já entre os setores econômicos, quase metade dos ocupados (45,2% ou 44,6 milhões dos trabalhadores) atuavam em serviços. Em seguida, o setor que mais empregou foi o comércio, com aproximadamente 17,9 milhões de pessoas (18,2% dos ocupados). Já os trabalhadores das atividades agrícolas somaram 14 milhões de pessoas (14,2% dos ocupados). Nas duas últimas colocações, aparecem a indústria (com 13 milhões de trabalhadores, ou 13,1%) e a construção (9 milhões de trabalhadores ou 9,2%).
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Trabalho infantil – Em 2014, havia 3,3 milhões de pessoas com idades entre 5 a 17 anos trabalhando no Brasil – os homens representavam cerca de dois terços desse número. Comparando com 2013, houve um aumento de 4,5% no número de crianças e adolescentes ocupados, ou um contingente de 143.500 a mais nesta condição.
Precaução – Para evitar erros como os que foram cometidos na versão de 2013, divulgada em setembro do ano passado, o IBGE disse que aumentou a automatização de processos da Pnad 2014. Uma falha na apuração da pesquisa fez com que dados que medem a desigualdade da renda da população piorassem e a taxa de analfabetismo melhorasse.
No ano passado, após a identificação do erro na Pnad, o IBGE corrigiu as informações, revelando que o rendimento identificado pela pesquisa foi mais alto, a desigualdade menor e o analfabetismo maior do que o divulgado anteriormente. Como resposta ao incidente, o instituto criou duas comissões investigativas, uma técnica e outra para buscar responsabilidades no erro.
Segundo a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, a comissão de sindicância concluiu que o ocorrido foi uma falha humana “a que todos os processos de trabalho estão sujeitos”, sem nenhuma intenção, mas apontou algumas questões que mereciam mais atenção no futuro. Já a comissão técnica declarou que o problema não era parte dos processos de trabalho como um todo e que não havia reparo a fazer.
A versão 2014 da Pnad teve 151 mil domicílios visitados e 363 mil pessoas entrevistadas. No ano que vem, o IBGE divulgará a última edição da Pnad anual, referente a 2015. A coleta de dados está atualmente em campo. A pesquisa será substituída pela Pnad Contínua, que já apresenta mensalmente indicadores sobre o mercado de trabalho.
(Da redação)