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Novas regras do Pix: Afinal, quem está na mira da Receita?

Apesar de toda balburdia, a regra não é nova, só foi ampliado os limites e abrangência. O objetivo é maior transparência e combate à evasão fiscal

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jan 2025, 12h05 - Publicado em 14 jan 2025, 11h12

A partir de 1º de janeiro de 2025, as movimentações financeiras acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas, via Pix, TED, saques e depósitos em dinheiro, serão automaticamente reportadas à Receita Federal. A medida, apesar de toda euforia, não é novidade: a Receita já recebia essas informações de bancos tradicionais. A principal mudança está nos novos limites de monitoramento — que passaram de R$ 2 mil para R$ 5 mil mensais para pessoas físicas, e de R$ 6 mil para R$ 15 mil para empresas — e na ampliação da abrangência, agora incluindo fintechs e operadoras de cartões de crédito.

O objetivo da mudança é maior transparência e combate à evasão fiscal. Para a maioria dos cidadãos, que já cumprem suas obrigações fiscais, a nova medida não traz preocupações.

Desde o anúncio das novas regras, uma enxurrada de desinformação tomou conta das redes sociais, com boatos de que o Pix seria taxado ou que a Receita Federal estaria mirando o trabalhador comum. O resultado foi um pânico desnecessário, especialmente entre pequenos comerciantes, alguns dos quais chegaram a recusar pagamentos via Pix. Contudo, é essencial ressaltar que a Receita não tem a intenção de penalizar os pequenos empreendedores. O foco está em movimentações financeiras atípicas, não nas transações do dia a dia.

O verdadeiro alvo

A Receita Federal sempre teve acesso a informações sobre movimentações bancárias, fornecidas pelas instituições financeiras tradicionais. No entanto, com o advento de fintechs, bancos digitais e carteiras virtuais, parte do dinheiro começou a transitar por sistemas fora da supervisão convencional. As novas regras exigem que essas instituições de pagamento também forneçam os dados à Receita, fechando lacunas no sistema de fiscalização. Na prática, nada muda para quem já declara sua renda corretamente. A Receita está interessada em quem usa esses novos mecanismos digitais para lavar dinheiro ou ocultar patrimônio.

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“O foco da Receita Federal não é o trabalhador ou o pequeno empresário”, afirmou Robinson Barreirinhas, secretário especial da Receita Federal, em entrevista ao programa Voz do Brasil, frisando que o objetivo da medida é combater crimes fiscais, como a lavagem de dinheiro e o uso de transações digitais para esconder movimentações ilícitas.

O aumento dos limites de monitoramento, reflete um esforço para focar em transações maiores e, potencialmente, irregulares. Pequenos comerciantes ou trabalhadores, cujo volume financeiro mensal está dentro desses parâmetros, não precisam temer. No entanto, aqueles que movimentam quantias elevadas e não têm sua renda devidamente declarada podem ter problemas com o Fisco.

A nova regra traz modernização da fiscalização e maior precisão na declaração pré-preenchida do Imposto de Renda. Com mais informações à disposição, a Receita Federal poderá cruzar dados de forma mais eficiente, reduzindo a chance de erros e diminuindo o risco de o contribuinte cair na malha fina. Para o cidadão que está em dia com suas obrigações fiscais, essa mudança deve ser vista como uma simplificação, em vez de uma ameaça.

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“Na prática, a nova obrigação apenas aumenta a capacidade da Receita Federal de identificar infrações relevantes, como a omissão de receitas por contribuintes que não declaram rendimentos ou que movimentam valores substanciais sem justificativa, como em pagamentos “por fora”, diz Camila Meneghin, advogada tributarista do CSA Advogados. Segundo ela, é importante ressaltar que o objetivo da medida não é fiscalizar ou autuar indiscriminadamente todas as transações acima dos limites estabelecidos, mas sim identificar inconsistências significativas e promover maior conformidade tributária.

A digitalização das transações, liderada pela rápida adoção do Pix, trouxe enormes benefícios ao Brasil. Contudo, também apresentou novos desafios de fiscalização para o governo, especialmente em um ambiente onde o crime organizado e a lavagem de dinheiro aproveitam a agilidade e o anonimato das transferências eletrônicas.

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