Na reta final do governo, Guedes recorre a ideia semelhante à de Lula
Ministro defende revisão da reforma – parada no Senado – para tributar “super-ricos”; volta e meia, o petista fala sobre taxar grandes fortunas
Após quase quatro anos de gestão tentando entregar um governo mais enxuto e emplacar diversas reformas – a maioria sem sucesso – o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a reforma do Imposto de Renda com foco na tributação dos “super-ricos”. O discurso se alinha ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral, que volta e meia aborda a taxação das grandes fortunas, como voltou a apresentar essa proposta em sua campanha presidencial.
Guedes falou sobre rever a proposta — que passou pela Câmara e está travada no Senado — para taxar os mais riscos e reduzir a carga para as empresas na manhã desta segunda-feira, 9, durante o evento de lançamento do Monitor de Investimentos, plataforma desenvolvida em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Com a aproximação das eleições, o governo vem mudando de postura e de discurso para angariar votos. De cunho populista, Bolsonaro editou na última semana uma medida que ampliava o corte do Imposto sobre Produto Industrializado, o IPl, de 25% para 35%. Medida semelhante foi adotado por Lula em 2004. A medida, no entanto, foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) para produtos que também são fabricados na Zona Franca de Manaus. Mesmo com os rombos que a renúncia fiscal pode causar aos cofres públicos – da ordem de mais de 100 bilhões de reais nos próximos anos de acordo com estimativas do próprio Ministério da Economia -, Guedes defendeu a redução da IPI e disse que o tributo é “contra a indústria brasileira”.