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Mulheres são minoria em negócios de impacto social

Apenas dois em cada dez negócios mapeados foram fundados por mulheres, revela pesquisa

Por Thaís Augusto 18 jun 2017, 14h23

As mulheres também são minoria nos negócios de impacto social. Somente 20% das empresas com esse perfil foram fundadas somente por elas, de acordo com dados do 1º Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental, conduzido pela Pipe.Social, empresa que atua como vitrine para negócios de impacto social, e estudou 549 companhias..

A liderança masculina é ainda mais forte dentro dos negócios que focam em soluções para as cidades – 64% dos 108 negócios nessa vertical – e tecnologias verdes (62% dos 176 negócios nessa vertical). Por outro lado, as mulheres lideram na questão de maior comprometimento com a definição e acompanhamento do impacto socioambiental.

Claudia Pires  é uma das mulheres que comanda negócios de impacto social. “No mundo das startups, parece que quem empreende são sempre homens e jovens, que estudaram em Harvard ou no MIT. Mas quando a gente olha em volta, vê que tem muitas mulheres incríveis também”, afirmou Claudia, fundadora da So+ma.

A empreendedora, com formação em publicidade e ciências sociais, trabalhou 16 anos em grandes empresas de consumo, implantando projetos para torná-las mais sustentáveis. “Em 2013, decidi que queria fazer alguma coisa a mais, como contribuir para as marcas trabalharem com mais propósito para os cidadãos. Mas não sabia como estruturar isso”.

Claudia desenhou o projeto que ela viria a definir como o “embrião da So+ma”: incentivar ações empreendedoras em comunidades de baixa renda, com suporte para que os trabalhadores pudessem tocar o próprio negócio. “Me dava frustração, pois eu queria fazer mais. Não queria ser só consultora, gosto de colocar a mão na massa também”.

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No ano seguinte, 2014, em parceria com cooperativas, associações de mulheres, postos de saúdes e outras lideranças da comunidade, ela começou a So+ma. Com a startup, os moradores do Capão Redondo e Grajaú podem trocar resíduos recicláveis por pontos. “As trocas que fazemos são relevantes para a comunidade, ao acumular pontos trocamos por alimentos, cursos de cabeleireiro, inglês, costura, consulta oftalmológica”, disse a empresária. “Já recebi relatos de moradores que economizaram um terço do salário da família com a ajuda das trocas.”

Mesmo com o projeto, a empreendedora ainda não conseguiu lucrar com a iniciativa. A pesquisa da Pipe.Social revelou que empresas com mulheres em cargos de liderança têm faturamento menor do que negócios com homens no comando. Apenas 14% das empresas fundadas por mulheres receberam mais de 500 mil reais no último ano. Enquanto isso, 67% dos negócios liderados por homens conseguem lucrar acima deste valor.

“Existem ainda muitos desafios no empreendedorismo feminino no país e isso certamente não é uma particularidade do mundo dos negócios de impacto. Mas temos visto o crescimento do diálogo e de movimentos buscando aproximar negócios/startups e tecnologia das mulheres”, disse a cofundadora da Pipe.Social, Carolina Aranha.

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Entre todos os negócios pesquisados, 34% trabalham com vendas de assinaturas. É o caso da startup Guten News, fundado em 2015 pela empresária Danielle Brants. A plataforma digital oferece textos em linguagem jornalística adaptados ao público jovem. “A Guten trabalha para desenvolver as habilidades que tornam um leitor proficiente e crítico, pronto a se posicionar diante da infinidade de informações disponíveis e a transformá-las em conhecimento e ações”, contou a empreendedora.

Os planos são focados para escolas e professores, que por meio da plataforma têm a oportunidade de acessar relatórios online que mostram o desempenho dos alunos nas atividades propostas e em quais pontos é necessário o reforço.

Antes de fundar a startup, Danielle pediu demissão do emprego em 2013. “Comecei a me perguntar o que mais eu poderia fazer para transformar a sociedade em que vivo, para além das minhas fronteiras individuais”. Depois de um período viajando para conhecer novas iniciativas, a empreendedora voltou ao Brasil em 2014. “Tive certeza de que a transformação do Brasil passa essencialmente pela educação e pelo poder transformador da leitura”, contou ela.

Assim como a So+ma, a Guten ainda não conseguiu lucrar. Até o final de 2017, o negócio pretende quadruplicar o número de escolas atendidas – atualmente, são 36 mil usuários cadastrados na plataforma.

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