Ministro critica BNDES por ajudar JBS a concentrar mercado
Maggi diz que o governo tem buscado encorajar outras empresas a entrar para o mercado de processamento de carnes.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse nesta quinta-feira que sempre se preocupou com o tamanho que o frigorífico JBS adquiriu no Brasil. Ele criticou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por ajudar a empresa a conquistar uma posição dominante no mercado.
“Sempre fui um crítico da posição do BNDES de ter proporcionado esta grande concentração que houve no Brasil”, disse Blairo Maggi durante uma conferência de agronegócio em Cuiabá.
Ele chamou a atual crise da JBS, envolvida em um escândalo de corrupção, de “momento delicado”. “Não sei o que vai acontecer com esta companhia”, disse Maggi, que também é um produtor bilionário de soja.
Joesley e Wesley Batista, os acionistas controladores da JBS, transformaram a companhia de um abatedouro regional no principal produtor de carnes do Brasil e um grupo multinacional em expansão, ajudados por cerca de 8 bilhões de reais em financiamentos subsidiados do BNDES.
Os irmãos recentemente desencadearam uma tempestade política após admitirem que pagaram propina a centenas de políticos brasileiros para proteger seus interesses em um escândalo que envolveu até o presidente Michel Temer.
Eles agora tentam negociar um acordo de leniência com as autoridade que os permita ficar no controle de sua holding J&F Investimentos.
Maggi ainda acrescentou que o governo tem buscado encorajar outras empresas a entrar para o mercado de processamento de carnes.
A empresa comprou muitos rivais em importantes regiões produtoras de carne do Brasil nos últimos anos. Em alguns lugares, ela é a única processadora, deixando pecuaristas sem outras opções de compradores.
Pagamentos
Em separado, uma importante consultoria da indústria de carnes disse que pecuaristas brasileiros começam a exigir que a JBS pague em espécie porque estão preocupados com as consequências do envolvimento da empresa no escândalo de propina.
“O pessoal está avesso ao risco. Produtores não estão vendendo ao JBS, e quem vende está fazendo o máximo para vender à vista”, disse a diretora da Agriffato, Lygia Pimentel.
(Com Reuters)