Mesmo com restrições em atividades, país cria 184 mil vagas CLT em março
Apesar do ritmo menor em relação a fevereiro, Brasil abriu mais postos formais que fechou; Setor de serviços foi responsável pela metade dos novos empregos
Março foi marcado pelo aumento de casos do novo coronavírus e medidas restritivas tomadas por estados e municípios para tentar diminuir o ritmo de contaminação. O endurecimento das regras fez lembrar o impacto inicial do novo coronavírus no Brasil, em abril passado, quando uma das principais consequências econômicas foi o fechamento de vagas. O movimento, entretanto não se repetiu, e o país criou vagas em março, em uma sinalização de recuperação econômica. Segundo dados do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quarta-feira, 28, pelo Ministério da Economia, o saldo de postos CLT foi de 184.140.
O ritmo de crescimento é menor que de fevereiro, quando foram abertos 395.166 postos, mas ainda sim positivo. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram fechadas 276.350 vagas formais, no início do impacto da pandemia do novo coronavírus na economia, houve uma melhora. “Continuamos com ótimas notícias sobre o emprego. Todos os setores criaram empregos, todas as regiões criaram empregos, todos os estados criaram empregos. Ao contrário da primeira onda que nos atingiu, a nossa reação a segunda onda foi criar vagas”, disse um otimista Paulo Guedes, durante a divulgação dos dados.
Todos os grandes setores criaram vagas, incluindo o de serviços, que gerou 95.533 das novas vagas, ou seja, metade do total. Entretanto, o setor de alojamento e alimentação, ligado principalmente ao turismo e atendimento em bares e restaurantes perdeu 28 mil vagas com carteira assinada. O setor deve ser um dos grandes beneficiados pela reedição do BEm, o programa do governo federal que permite a redução de jornada de trabalho ou a suspensão de contratos e passou a vigorar nesta quarta-feira. Na avaliação da Secretaria de Previdência e Trabalho, os dados mostram que o comportamento do mercado de trabalho retomou sua normalidade, com grande parte das contratações no setor de serviços e uma rotatividade de trabalhadores, com dados de seguro-desemprego acompanhando o número de demissões.
“Nós estamos passando a pior fase da pandemia e há empregos criados. Nós temos que vacinar, e temos vacinas da Pfizer chegando, tem privatizações acontecendo. A economia está retomando”, afirma Guedes. Além da reedição do BEm, o governo publicou uma MP com a flexibilização de instrumentos trabalhistas, como férias e a adoção de teletrabalho. A ideia é diminuir o impacto que novas ondas de contaminação possam ter em postos de trabalho enquanto a vacinação avança no país.
Acumulado
Nos três primeiros meses deste ano, segundo o Ministério da Economia, foram geradas 837.074 vagas com carteira assinada. Em igual período do ano passado, foram abertos 108.825 empregos com carteira assinada. No saldo geral de empregos, o país tinha ao fim do mês passado 40.200.042 de postos formais, um aumento de quase 400 mil postos na compação com janeiro.
Cabe ressaltar que o Caged capta apenas o comportamento do mercado formal, ou seja, números de carteiras assinadas que são informadas pelos empregados ao Ministério da Economia, e não os dados de desemprego do país, compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país encerrou janeiro com 14 milhões de desempregados, a uma taxa de 14,2%. Os dados de fevereiro devem ser divulgados nesta sexta-feira.
O descompasso entre a taxa de desocupação e a criação de vagas formais está diretamente ligada à recuperação da economia e é visto desde meados do ano passado. Com atividades voltando a funcionar e os indicativos de melhora, mais gente passou a procurar emprego. Porém, o aumento de casos de Covid-19 pode frear esse movimento e enfatiza ainda mais a importância da vacinação em massa. A taxa de desocupação do IBGE considera desempregados somente aqueles que ativamente procuram por uma vaga. A melhora do mercado formal é importante, mas é difícil que haja absorção de toda a força de trabalho, que também passa por trabalhadores informais.