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Mesmo com leilão do BC, dólar atinge R$ 2,27

Dólar abriu o dia em alta de 2,23 e continuou subindo, pressionado pela decisão do Fed, que atingiu também a Bovespa, que tem queda de mais de 3,0%

Por Da Redação
20 jun 2013, 10h57

Diferentemente dos últimos pregões, em que a volatilidade foi marcante, nesta quinta-feira a moeda americana começou o dia com alta de 0,59% (2,2336 reais) e mantém-se no patamar positivo. Mesmo depois de o Banco Central entrar no mercado de câmbio com leilão de swap (equivalente à venda de dólar do mercado futuro), para frear a alta do dólar, a moeda norte-americana chegou a ser cotada a 2,27 na máxima da sessão, o maior nível intradia desde o início de abril de 2009.

As sinalizações do Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) de que os estímulos econômicos deverão diminuir em breve mexeu não apenas com o mercado de câmbio – dólar subiu frente as principais moedas globais -, mas também com as bolsas de valores: os mercados de capitais do Brasil na quarta e da Ásia nesta quinta despencaram. A BMF&Bovespa abriu a sessão desta quinta com queda de mais de 2,0%. Por volta das 11h, o Ibovespa perdia 3,11%, aos 46.402 pontos.

As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, feitas na tarde de quarta-feira provocaram uma onda de venda de ações já que os investidores buscam proteção. A percepção é de que os países emergentes são os mais afetados pela decisão do BC dos EUA de acabar com os estímulos monetários até meados de 2014.

Outro fator externo que influencia negativamente os mercados é a produção industrial da China, a segunda maior economia do mundo. O índice PMI de atividade industrial dos gerentes de compras, medido pelo HSBC, caiu de 49,2 em maio para 48,3 em junho, segundo leitura preliminar. Trata-se do nível mais baixo em nove meses.

Leia também: Fed mantém política de compra de títulos inalterada

Após Fed, Tesouro vai recomprar títulos da dívida para conter juros futuros O analista sênior da Renascença Corretora, Luiz Roberto Monteiro, avalia que a Bolsa está sendo triplamente castigada, com os efeitos do cenário econômico nos Estados Unidos e na China na renda variável brasileira sendo potencializados pelos fatores internos, que têm trazido incertezas aos negócios. “Tudo o que o Fed vai fazer é contra os emergentes”, diz. No mercado de Câmbio, o BC vendeu nesta quinta-feira o lote integral de 60 mil swaps cambiais atrelados à Selic, com dois vencimentos, equivalentes a 2,986 bilhões de dólares. O dólar chegou a reduzir um pouco a alta ante o real, mas voltou a ganhar força, mas continua subindo após a autoridade monetária entrar no mercado. “O mercado está num momento de pânico (…). O BC está fazendo a parte dele dentro do que ele pode, mas o humor está bem ruim”, afirmou o operador da Intercam Corretora Glauber Romano.

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“Hoje é dia de ver o que o pessoal vai determinar daqui para frente. Estamos em outra banda, dólar marcando acima de 2,20 reais é complicado (para inflação)”, disse Romano, acrescentando que as incertezas são muito grandes para definir uma tendência para o câmbio neste momento.

Após dois dias de reunião, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, anunciou a manutenção da compra de ativos a um ritmo de 85 bilhões de dólares mensais e os juros praticamente zerados, patamar que vem sido mantido desde 2008. Apesar da manutenção, o presidente do BC americano, Ben Bernanke, disse que os estímulos começar a ser reduzidos no fim deste ano e serão encerrados no meio de 2014, se as projeções para a economia se confirmarem.

Analistas explicam que a retirada de estímulos significaria, de imediato, que a economia americana está caminhando consistentemente rumo à recuperação. Essa melhora levaria o Fed, em um segundo momento, a elevar os juros. Com juros mais altos, os títulos americanos, considerados os mais seguros e livres de calote do mundo, renderão mais. Assim, os títulos americanos se tornam mais atraentes para investidores internacionais, que poderão migrar simplesmente para os EUA ou exigir dos outros países que vendam títulos a uma taxa de juros mais atrativa.

Na quarta-feira, enquanto a BM&F Bovespa encerrou o dia em queda de 3,18%, aos 47.893 pontos, no menor patamar desde abril de 2009, o dólar na venda fechou em consistente alta diante do real, de 1,94%, a 2,22 reais. É o maior valor registrado em fechamento desde abril de 2009, quando encerrou em 2,221 reais.

Diante de incertezas com relação à economia brasileira, à redução de estímulos nos EUA, nada tem sido eficiente para conter a escalada da moeda americana. Nas últimas semanas o BC tentou: realizou vários leilões de swap cambial e zerou as alíquotas de imposto sobre operações financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em operações de renda fixa e de derivativos. Mas, sem sucesso. O fluxo cambial da segunda semana de junho mostrou saída líquida (diferença entre entrada e saída de divisas) de 1,512 bilhão de dólares, revertendo a tendência de superávit da primeira semana do mês.

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Leia ainda: Próximo passo poderá ser a retirada do IOF sobre o compulsório

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Juros – O cenário de volatilidade do mercado atinge também o mercado de juros futuros, dos títulos do governo. Diante disso, o Tesouro Nacional realizará nesta quinta-feira leilões extraordinários de recompra de títulos públicos prefixados e atrelados à inflação – repetindo a atuação de terça-feira para reduzir a volatilidade no mercado secundário de títulos públicos. Esse instrumento não é usual na administração da dívida mobiliária e tinha sido utilizado pela última vez em 2008. “Após o comunicado do Fed, a avaliação é que o mercado deve precisar de parâmetros de preços”, disse um técnico do Tesouro sob condição de anonimato. “Isso norteou a decisão dos leilões extraordinários”, acrescentou.

(com Estadão Conteúdo e Reuters)

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