Mercado freia e dólar avança com pressão fiscal e expectativa por Fed
Investidores esperam Caged, ata do Fed e reagem à recuperação judicial da Azul nos EUA; dólar sobe para R$ 5,68

A combinação de incertezas domésticas – como o avanço das negociações sobre o aumento do IOF e o pedido de recuperação judicial da Azul – com um cenário externo em compasseo de espera da divulgação da ata do banco central americano, o Federal Reserve (Fed), impõe um dia de correção nos mercados e menor apetite ao risco. Após renovar sua máxima histórica ao atingir os 140 mil pontos na véspera, o Ibovespa opera em queda nesta quarta-feira, 28. O dólar também reflete o clima de cautela e e era negociado em alta, cotado a R$ 5,68 aao meio dia.
A escalada do dólar reflete o aumento da aversão ao risco, em um cenário marcado por incertezas fiscais no Brasil e pela expectativa em torno da ata da última reunião do Fed. O documento, que será divulgado às 15h desta quarta-feira, pode trazer sinais mais claros sobre os rumos da política monetária nos Estados Unidos. Na última reunião, o Fed manteve os juros entre 4,25% e 4,50% ao ano e adotou uma postura cautelosa, indicando que ainda aguarda evidências mais consistentes de desaceleração da inflação antes de iniciar o ciclo de cortes.
No plano local, as atenções se dividem entre a divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de abril e o avanço no Congresso da proposta que eleva o IOF. “A alta do IOF, que vai na contramão do prometido cronograma de redução do imposto, é um sinal preocupante para o mercado. Isso aumenta o custo de operações financeiras e gera ruído no ambiente de negócios, o que naturalmente afasta investidores”, diz Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital. A medida é vista como parte do esforço do governo para recompor receitas e reforçar o compromisso com a meta fiscal – tema que segue sob escrutínio do mercado após sucessivas revisões das projeções oficiais.
“O avanço do dólar e a queda do Ibovespa hoje ilustram como o mercado reage rapidamente a sinais de insegurança fiscal. A alta do IOF, somada ao ambiente externo mais desafiador com juros elevados nos EUA, gera uma tempestade perfeita: encarece o crédito, desestimula investimentos e reduz a atratividade do Brasil frente a outros mercados”, diz Pedro Ros, CEO da Referência Capital.
OS investidores também aguardam pela divulgação do balanço da Nvidia após o fechamento dos mercados. A gigante de tecnologia, símbolo da atual corrida global pela inteligência artificial, pode influenciar o humor dos mercados globais, especialmente se os números vierem acima ou abaixo das expectativas.