Mercado espera manutenção dos juros nos EUA e Fed mais duro
Expectativas de corte nos juros já se concentram no fim do ano; política monetária de lá pode afetar o ritmo de cortes da Selic no Brasil
O Federal Reserve (Fed) divulgará nesta quarta-feira, 1º de maio, sua decisão de política monetária. No mercado, é unânime a visão de que comitê deverá manter a taxa de juros no patamar atual de 5,50% – o maior em 23 anos no país.
O olhar dos analistas se volta para o comunicado da autoridade monetária, e um tom mais duro do que o visto nas reuniões anteriores é esperado.
Nos primeiros meses de 2024, os dados da economia americana não colaboraram com a expectativa de cortes de juros no país. Divulgado na semana passada, o núcleo do PCE, índice de inflação que baliza as decisões do Fed, veio a 2,8% em 12 meses até março – acima do consenso do mercado e no mesmo patamar observado em fevereiro. O BC americano tem a meta de conduzir o núcleo do PCE para 2%.
Com a inflação no país ainda aquecida, as apostas de afrouxamento monetário no país estão em xeque. O FedWatch, ferramenta que acompanha as expectativas dos investidores para os juros nos EUA, indica que a maior parte do mercado espera que os primeiros cortes aconteçam apenas no fim do ano. Trata-se de um recalculo de rota brusco em relação ao início do ano, quando quase 70% dos investidores acreditavam que o primeiro corte viria em ainda em março.
A expectativa para a quantidade de cortes ao longo do ano também mudou. Segundo o FedWatch, 41,2% do investidores acreditam que os juros terminarão o ano em 5,25%, apenas 0,25 pp abaixo do nível atual. Outros 25,7% falam em juros a 5% em dezembro. No início do ano, o consenso do mercado era de 3 a 4 cortes de 0,25% ao longo do ano.
Efeito na Selic
No Brasil, o mercado ainda observa se os juros americanos altos por mais tempo podem afetar o ritmo de cortes da Selic, hoje a 10,75% ao ano.
No Boletim Focus divulgado na terça-feira, a projeção do mercado para a Selic em 2026 subiu de 8,50% para 8,63%, depois de 39 semanas seguidas de estabilidade. As expectativas para 2024 (9,5%) e 2025 (9%), no entanto, não se alteraram.
A próxima reunião do Copom ocorrerá na semana que vem, nos dias 7 e 8 de maio. A expectativa é de corte de 0,5 pp, para 10,25% ao ano, mas já há uma parte do mercado que espera uma redução menor. Na última reunião, em março, o comitê alterou seu forward guidence (indicação dos próximos movimentos do BC), deixando de indicar “novos cortes” (no plural) de 0,5pp.