Por Márcio Rodrigues
São Paulo – Como se não bastassem as incertezas geradas pela eleição na Grécia neste fim de semana, os indicadores de atividade da zona do euro e dos Estados Unidos seguem decepcionando. Esse conjunto já seria suficiente para derrubar os ativos de risco e indicar chance maior de que o afrouxamento monetário terá prosseguimento por aqui. Mas, além disso, as palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao jornal O Globo, de que é possível rever as medidas que inibem a entrada de dólares no Brasil, trouxeram duas leituras: indicam preocupação com o quadro externo emostram que o governo não quer o câmbio elevado a ponto de prejudicar a inflação. O resultado direto disso foi recuo das taxas futuras de juros em todos os vértices da curva a termo.
Pouco antes do início da sessão estendida na BM&F, a presidente Dilma Rousseff reforçou ainda mais o viés de baixa para os juros. Em solenidade no Palácio Guanabara, no Rio, ela afirmou que “não há razão técnica para manter os juros altos”. Em suas palavras, o “Brasil é País que sabe controlar a inflação” sem deixar de investir.
Ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (98.795 contratos) estava em 7,71%, de 7,73% no ajuste. O DI janeiro de 2014, com movimento de 197.835 contratos, recuava para 8,00%, de 8,04% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (46.530 contratos) indicava taxa de 9,70%, ante 9,75% ontem, enquanto o DI janeiro de 2021 (apenas 265 contratos) recuava para 10,31%, de 10,36% no ajuste.
Para ajudar na devolução de prêmios, alguns indicadores de inflação também começam a mostrar um cenário de arrefecimento de preços. O IPC, divulgado pela Fipe, registrou alta de 0,28% na primeira quadrissemana de junho, com desaceleração em relação ao fechamento de maio, quando apresentou 0,35%. E apesar de o coordenador do índice, Rafael Costa Lima, manter sua projeção de 0,25% para a inflação na capital paulista no fechamento de junho, ele disse estar propenso a revisar sua estimativa para o indicador no fechamento de 2012, que atualmente está entre 5,00% e 5,50%, mas “mais perto de 5,00%”. “Estou quase revisando para abaixo de 5%”, afirmou o economista.
Lá fora, o clima segue bastante negativo. A produção industrial da zona do euro caiu 0,8% em abril ante março, a maior queda em quatro meses. Com isso, o nível de produção foi o mais fraco desde setembro de 2010. Nos EUA, as vendas no varejos caíram 0,2% em maio ante abril. Para piorar, o dado de abril foi revisado para queda de 0,2%, da leitura inicial de ganho de 0,1%.
Os dados ruins, sobretudo na Europa, somam-se às tensões que envolvem a eleição na Grécia. E, além disso, há notícias de que os bancos do país helênico têm enfrentado um aumento significativo de retiradas de depósitos. Segundo uma fonte do setor bancário grego, as retiradas podem chegar a 1,5 bilhão de euros na sexta-feira.