Mais de 50 países já pediram para negociar tarifas, diz assessor de Trump
Kevin Hassett defendeu que há medidas de contrapartida e que não deve haver um grande aumento de preços para os americanos

Ao menos 50 países já procuraram o governo dos Estados Unidos para negociar suas tarifas de importação desde que o presidente Donald Trump apresentou, na quarta-feira 2, a sua lista de aumento de alíquotas para as dezenas de nações com que tem comércio. A informação foi dada neste domingo 6 pelo diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, Kevin Hassett, em entrevista ao canal norte-americano de notícias ABC News.
Hassel também defendeu que os preços domésticos “não devem subir tanto quanto estão pensando” e que “não haverá um grande efeito sobre os consumidores”, justamente porque, entre outras razões, as negociação podem aliviar esses impactos.
“É fato que os países estão irritados e retaliando, e, inclusive, vindo à mesa”, disse Hasset em entrevista ao jornalista George Stephanopoulos. “Eu recebi um relatório do USTR [a Representação de Comércio Exterior dos Estados Unidos] ontem à noite dizendo que mais de 50 países procuraram o presidente para começar uma negociação. Mas eles estão fazendo isso porque sabem que eles carregam boa parte dessas tarifas. Então eu não acho que veremos um grande efeito sobre os consumidores dos Estados Unidos porque eu acredito que a razão pela qual temos um déficit comercial tão persistente e há tanto tampo é porque essas pessoas têm uma oferta muito inelástica. Eles têm inundado nosso país de bens para criar empregos, por exemplo, na China.”
Ele afirmou que, caso os preços subam, e os americanos acabem comprando menos desses países exportadores, a própria redução da demanda deve levar a uma redução dos preços. Também reforçou que o governo trabalha em paralelo com uma forte agenda desinflacionária de redução de impostos internos e desregulação. “Estamos negociando [com o Congresso] o maior corte de impostos da história para poder dar espaço para essa política [de aumento das tarifas de importação]”, disse o assessor. “Estamos reduzindo impostos, gastos públicos e regulação”, complementou.
Hasset não informou quais países estão nessa lista ou quais tipos de negociações podem ser consideradas, mas a China, que, dois dias depois do anúncio, revidou os Estados Unidos com uma tarifa de 34% sobre o que comprar de lá, não parece estar entre eles. “Eu não estou a par do que está sendo negociado com a China”, disse. “O que posso afirmar é que há mais de 50 países chegando para negociar com Trump.”
O conselheiro do governo defendeu que a política de abertura comercial ampla já dá sinais de esgotamento há anos, em especial desde a ascensão da China no comércio global, e não está trazendo benefícios aos cidadãos americanos.
“O ponto é que a China entrou na OMC [Organização Mundial do Comércio] em 2000 e, nos 15 anos seguintes, a nossa renda real [anual, descontada a inflação] caiu 12.000 dólares. Se bens baratos fossem fazer os salários reais e o bem estar crescer, então eles teriam que ter crescido, mas, se caíram, é porque os salários caíram mais do que os preços. Ou seja, conseguirmos ter produtos baratos em nossas lojas, mas ficamos com menos empregos.”