Mais de 3 mil funcionários da Boeing entram em greve e paralisam produção militar
A reinvidicação nas fábricas de defesa da companhia, em St. Louis e Mascoutah, é a primeira em quase 30 anos

Trabalhadores sindicalizados da divisão de defesa da Boeing cruzaram os braços nesta segunda-feira, 4, em protesto contra a segunda proposta contratual rejeitada em apenas uma semana. A greve, que ocorre nas instalações de St. Louis, no Missouri, e Mascoutah, em Illinois, é a primeira do tipo desde 1996, quando a paralisação durou 99 dias.
O movimento envolve cerca de 3.200 membros do sindicato responsável pela montagem de aeronaves militares como o F-15 e o jato de treinamento T-7, além de mísseis e munições. Os trabalhadores também atuam na fabricação de componentes para os jatos comerciais 777-X da empresa.
A proposta rejeitada no domingo, 3, previa um contrato de quatro anos e, segundo a Boeing, um aumento salarial médio de 40% ao longo do período. A oferta foi considerada semelhante à apresentada na semana anterior e igualmente recusada pelos funcionários. Em comunicado divulgado após a votação, Dan Gillian, vice-presidente da Boeing e gerente geral das instalações de St. Louis, afirmou: “Estamos desapontados que nossos funcionários em St. Louis rejeitaram uma oferta que apresentava um crescimento salarial médio de 40%.”
A empresa informou que está preparada para a paralisação e pretende adotar um plano de contingência com o uso de trabalhadores não sindicalizados. A medida tem o objetivo de mitigar possíveis interrupções nas linhas de produção.
Apesar da tentativa de contenção, a greve amplia a pressão sobre a divisão de defesa e espaço da Boeing, que respondeu por 30% da receita da companhia no segundo trimestre. O impacto da paralisação ainda é incerto, mas o histórico recente coloca em perspectiva o risco de efeitos mais amplos. No final do ano passado, uma greve distinta, envolvendo a divisão de aviões comerciais na região de Seattle, paralisou a produção por semanas e forçou a Boeing a levantar quase US$ 24 bilhões por meio da venda de ações.
A CEO da Boeing, Kelly Ortberg, buscou minimizar o alcance da greve em St. Louis. Durante teleconferência com investidores realizada em 29 de julho, ela afirmou: “A magnitude disso é muito, muito menor do que o que vimos no outono passado.” Ortberg destacou que o sindicato envolvido na atual paralisação tem cerca de 10% do tamanho do sindicato baseado em Seattle que entrou em greve no ano anterior. “Eu não me preocuparia muito com as implicações da greve. Vamos gerenciar essa situação,” concluiu.
Ainda não há indicativo de quando as negociações serão retomadas, tampouco sinais de que os trabalhadores estejam dispostos a aceitar termos semelhantes aos já propostos.