Lula aprofunda encruzilhada do BC e amplia incertezas sobre Selic
Expectativa é que Copom realize corte de mesma magnitude na Selic, mas falas de Lula e instabilidades globais geram incertezas no mercado
A expectativa do mercado para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, é de continuidade na redução dos juros, como sinalizado na ata última ata, de 0,50 ponto percentual. Se confirmado, a Selic será reajustada de 12,75% para 12,25% ao ano, atingindo assim seu menor nível desde junho de 2022 e marcando a terceira redução consecutiva.
A pesquisa realizada pelo BTG, envolvendo 61 agentes financeiros, revelou que 95% dos entrevistados apostam nessa redução de 0,5 ponto percentual. No entanto, enquanto existe um consenso relativo ao curto prazo, as previsões para 2024 são cercadas de incertezas. A fala recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressando dúvidas sobre o cumprimento da meta de zerar o déficit público até 2024, lançam uma sombra sobre o futuro da política monetária e aumentam o desafios do Banco Central para a continuidade do ciclo de cortes.
A postura de Lula entra em conflito com as diretrizes expressas na última ata do Copom, que enfatiza a necessidade de atingir as metas fiscais. Somado a isso, incertezas do cenário internacional com as tensões no Oriente Médio e as preocupações com a situação fiscal nos Estados Unidos, introduz camadas de dúvidas sobre condução da política monetária.
O banco americano Citi revisou para cima suas projeções para a Selic em 2024, de 9% para 10%, citando um cenário econômico mais restritivo, expectativas de inflação duradouras e a elevação dos juros globais. O economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, também se alinha a essa visão cautelosa, apontando para a continuidade dos cortes na reunião desta semana, mas deixando em aberto as ações futuras do Copom.