Lula aposta que assinatura do acordo Mercosul-União Europeia sai neste ano
Tratado amplia acesso do Brasil a mercados globais, mas só entra em vigor após um longo processo de aprovação política nos dois blocos
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8 jun 2025, 15h47
O presidente Lula se reuniu neste domingo, 8, em Mônaco, com o presidente do Conselho Europeu, António Costa. Os dois conversaram sobre a retomada das negociações para o Acordo Mercosul-União Europeia. Lula voltou a defender a assinatura do tratado ainda este ano, durante a presidência brasileira do Mercosul, que começa em julho.
“Como enfatizei em minha recente visita de Estado à França, é essencial fazer um esforço de esclarecimento sobre a total compatibilidade desse acordo com os interesses das duas partes do ponto de vista ambiental, comercial e estratégico”, escreveu o presidente em suas redes sociais. Lula falou sobre a importância do acordo diante dos avanços do protecionismo. “Ambos coincidimos sobre o papel fundamental desse acordo para o multilateralismo”, disse.
Nas próximas semanas, o governo brasileiro quer focar na questão da agricultura, que é um dos motivos de resistência levantados pela França, sobretudo os agricultores locais, ao acordo. No ano passado, o assunto tomou grandes proporções e gerou uma crise com o setor agropecuário brasileiro, cujo estopim foi a decisão do Carrefour de suspender a compra de carne proveniente de países do Mercosul em suas lojas na França gerou uma crise com o setor agropecuário brasileiro.
O governo também que reforçar que o texto está alinhado ao Acordo de Paris. O impasse ambiental foi um dos responsáveis pela paralisação das negociações do acordo Mercosul-União Europeia, cujas conversas começaram há mais de 20 anos mas foram retomadas em 2023.
O texto do acordo foi anunciado em dezembro de 2024, mas ainda depende de revisão, tradução e aprovação dos Parlamentos dos países envolvidos — o que ainda deve demorar. Considerado o maior tratado comercial já firmado pelo Mercosul, cria uma área de livre-comércio entre blocos que juntos somam 718 milhões de pessoas e um PIB de 22 trilhões de dólares.
Para o Brasil, o acordo pode ampliar de 8% para 37% o acesso a mercados globais e prevê ganhos de até 37 bilhões de reais no PIB em 20 anos, segundo o Itamaraty.
Pauta ambiental
O presidente também cobrou que a Europa atue como parceira na viabilização do financiamento para limitar o aquecimento global a 1,5°C e citou a COP30, conferência climática a ser realizada em novembro na cidade de Belém. “A Europa é um parceiro imprescindível para o sucesso da COP30. Somos todos atores que compartilham a certeza de que a transição energética justa representa oportunidades de se constituir uma nova agenda de desenvolvimento econômico inclusivo e que preservará a saúde do planeta”, afirmou o presidente.
Lula teve ainda encontros com o príncipe de Mônaco, Alberto II, e participação no Fórum de Economia e Finanças Azuis, em Mônaco, no Dia Mundial dos Oceanos. Ali, reforçou o alerta sobre a urgência da preservação dos mares. “Ou agimos ou o planeta corre risco”, disse.
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