Lira promete rapidez no projeto dos fundos, mas não garante votação hoje
Presidente da Câmara confirmou que alterações nos Juros sobre Capital Próprio devem ser tratadas em um texto em separado

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que não há garantia de votação do projeto que prevê mudanças na tributação dos fundos exclusivos — conhecidos como fundos dos super-ricos — e offshore nesta quarta-feira, 4. O item está na pauta da sessão plenária da Casa. O parlamentar afirmou que o parecer do relator foi apresentado na terça-feira, e por isso não há garantia de votação já nesta quarta, mas, segundo Lira, a matéria deve ter tramitação rápida da Casa.
“O projeto (sobre offshore), já no seu nascimento, quando veio acoplado em uma medida provisória, já veio acordado”, disse a jornalistas. O presidente da Casa ressaltou que pontos prioritários para a equipe econômica, como a taxação dos estoques já acumulados nos fundos e a aplicação do come-cotas posteriormente, estão contemplados no relatório do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ). O relator reduziu de 10% para 6% a alíquota sobre os rendimentos já acumulados nos fundos.
Lira confirmou que a proposta do governo para acabar com a dedutibilidade dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) será tratada em separado. De acordo com o presidente da Câmara, a inclusão no projeto dos fundos poderia contaminar a tramitação da matéria dos fundos. No entanto, o deputado afirmou que a proposta apresentada pela Fazenda, com um “meio-termo” que não simplesmente ponha fim ao mecanismo, como previsto inicialmente, é boa e deve avançar rapidamente na Casa.
Taxação dos fundos
Os fundos exclusivos são voltados para investidores endinheirados — demandam aportes de no mínimo 10 milhões de reais. Mesmo contando com um grupo seleto de 2.500 investidores, esses fundos acumulam patrimônio expressivo de 757 bilhões de reais, correspondendo a 12,3% do total da indústria de fundos no Brasil.
Sob a regulamentação atual, os fundos exclusivos sofrem tributação do Imposto de Renda apenas no momento de resgate. Esse montante é influenciado pela duração do investimento: quanto mais extenso, menor a alíquota. No entanto, o texto busca equalizar a tributação desses fundos à dos demais, incorporando o “come-cotas”, uma cobrança semestral de IR. Caso o projeto seja aprovado, esses fundos começarão a pagar imposto de renda periodicamente. A taxa de 6% será cobrada já este ano dos investidores que queiram adiantar o pagamento à Receita e recairá sobre o rendimento acumulado.
A medida foi encaminhada pelo governo para, além de aumentar a arrecadação em 2024, tentar recompor o caixa neste ano após a mudança na faixa de isenção do imposto de renda, que passou a vigorar em 1º de maio. A proposta também mira o aumento de arrecadação para dar sustentabilidade ao arcabouço fiscal.
Já para os fundos offshore, recursos investidos no exterior, a proposta traz uma tributação de 15% sobre rendimentos entre 6.000 reais e 50.000 reais. Já para aplicações acima desse montante, a alíquota é de 22,5%. A variação cambial não será cobrada para fluxos de capital e em resgates de até 5.000 dólares (cerca de 26.000 reais).