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Liquidação no luxo: Burberry anuncia demissões e redução de preços 

Marca vai eliminar 1.700 empregos, o equivalente a 20% da sua força de trabalho, e revisar estratégia de preços

Por Redação Atualizado em 14 Maio 2025, 10h55 - Publicado em 14 Maio 2025, 10h45

No mundo da moda de luxo, onde a exclusividade justifica etiquetas com muitos zeros e a tradição se veste com cortes impecáveis, a britânica Burberry tenta não sair de cena — mas o palco está cada vez mais escorregadio. Nesta quarta-feira, 14, a marca centenária anunciou que eliminará cerca de 1.700 empregos, o equivalente a quase 20% de sua força de trabalho global, como parte de um plano para cortar custos em £ 100 milhões anuais até 2027. A medida, que inclui ajustes nos horários das lojas e o fim do turno noturno em sua fábrica em Castleford, reflete mais do que uma simples reengenharia operacional: é o reflexo de uma crise estrutural em um setor que já não seduz como antes.

O luxo, antes inatingível e resiliente mesmo em tempos de recessão, começa a tropeçar. A Burberry reportou uma perda de £ 3 milhões no último ano fiscal, encerrado em março, apesar de ter atingido uma receita de £ 2,46 bilhões — em linha com as projeções, mas incapaz de conter a sangria. No quarto trimestre, as vendas em lojas comparáveis caíram 6%, ampliando a tendência de queda observada nos trimestres anteriores. Desde abril de 2023, o valor de mercado da empresa encolheu 66%. O ícone britânico, que já vestiu de Winston Churchill, agora veste preocupação.

O novo CEO, Joshua Schulman, que assumiu o comando da Burberry no ano passado, reconheceu que a empresa enfrenta um ambiente macroeconômico desafiador. Segundo ele, a companhia pretende concentrar esforços em seus produtos mais emblemáticos — como os tradicionais trench coats e cachecóis — ao mesmo tempo em que revisa sua estratégia de preços, reduzindo os valores de bolsas e calçados para torná-los mais competitivos.

O movimento da Burberry não é isolado. O mercado global de bens de luxo vive um momento de realinhamento. Após o “boom” pós-pandemia, que impulsionou compras e alimentou lucros recordes, o setor enfrenta ventos contrários. A China, motor vital do consumo de luxo, passa por uma recuperação lenta, marcada por desemprego entre jovens, crise imobiliária e enfraquecimento da confiança do consumidor. Na Europa e nos Estados Unidos, a inflação persistente e os juros elevados vêm sufocando o apetite por extravagâncias.

Marcas como Kering (dona da Gucci) e Richemont (Cartier, Van Cleef & Arpels) também sentiram o baque, com alertas de lucro e desaceleração nas vendas. Para a Burberry, o desafio é ainda mais profundo. A marca nunca ocupou o panteão do ultra-luxo com a mesma autoridade de rivais como Louis Vuitton.

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