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LGPD permite a empresas se anteciparem ao Open Banking

Numa iniciativa pioneira, Gorila apresenta tecnologia que captura dados dos clientes em posse de outra empresa, inclusive da XP. Mas a gigante reage

Por Luisa Purchio 10 fev 2021, 11h14

Como uma das líderes no mercado de investimentos, a XP Investimentos detém uma infinidade de dados registrados de seus clientes, como o valor aportado e tipos de ativos escolhidos, além de informações pessoais e perfil de investimento. Esses dados são valiosos e bastante cobiçados por competidores que visam atuar de alguma forma neste mercado oferecendo algum tipo de serviço financeiro. A XP, no entanto, assim como os grandes bancos, guarda estas informações a sete chaves, afinal não quer abrir detalhes dos seus negócios a concorrentes. A empresa também alega fazê-lo para garantir a segurança do usuário.

Esta abertura, no entanto, poderá ser inevitável e deve ocorrer na quarta fase do Open Banking, prevista para entrar em operação no fim de 2021. Já de olho nessa possibilidade, plataformas deram um jeito de se antecipar e acessar tais valiosos dados mesmo sem a anuência da empresa detentora deles. Trata-se de um desejo antigo de fintechs como, por exemplo, a Gorila, que fecha parcerias e compila as informações financeiras de seus usuários para tornar disponível a eles uma visão simplificada de seus investimentos e, com isso, fazer recomendações de investimentos. Há tempos a empresa tenta realizar uma parceria com a XP a fim de acessar as informações dos investidores que utilizam sua plataforma, porém, os esforços têm sido em vão. Agora, no entanto, com a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e uma mãozinha da tecnologia, ela está conseguindo fazer esta integração sem precisar da anuência da empresa. A nova regra torna os usuários os verdadeiros donos de suas informações, podendo exigir das empresas que compartilhem elas com outras instituições, se assim desejarem.

O segredo para fazer isso já funcionar está em utilizar ferramentas chamadas de “crawler” e “scraper”, espécies de robôs que conseguem fazer uma leitura do site da corretora e, assim, trazer as movimentações de investimentos dos clientes. Essas tecnologias são antigas, mas ganharam uma utilidade a mais com a LGPD já que, sob pedido do cliente, elas rastreiam e compilam dados de forma automática, sem a necessidade de inserção manual do usuário. “Nossa expectativa é que o mercado fique mais aberto e não dependa de crawler. E que outras instituições estejam mais dispostas a abrir suas plataformas”, diz Guilherme Assis, cofundador e CEO da Gorila. Mas, por enquanto, a saída é esta.

O grupo XP, por sua vez, ciente do potencial desta ferramenta, comprou no ano passado participação na plataforma Fliper, uma empresa fundada em 2017 por Renan Georges, Felipe Bonani e Walter Poladian. Os empreendedores, por meio de investimento anjo, desenvolveram um método próprio de conexão com bancos e corretoras utilizando crawler, scraper e outras tecnologias, protegido pela empresa como “nosso grande segredo”. Já em sua origem, a Fliper nasceu voltada ao Open Banking, visando consolidar informações como investimentos financeiros, mas também receita, patrimônio, imóveis e metas de clientes. “Sempre soubemos que os bancos e corretoras não iriam abrir seus sistemas enquanto o Open Banking não estivesse rodando, e enquanto não fossem obrigados. A LGPD veio para deixar muito claro que os dados pertencem às pessoas, e não às instituições”, diz o sócio fundador Georges.

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A plataforma terá algumas etapas para cumprir antes de ser colocada em funcionamento e a venda de parte para a XP foi uma forma de “turbinar o negócio” sem precisar adotar um modelo de Venture Capital. Hoje com 250 mil usuários e capacidade de mapear 40 bilhões de reais em investimentos, seu objetivo é atingir 1 milhão de usuários cadastrados ainda em 2021. Atualmente, ela está na fase um, ou seja, na qual se conecta aos bancos e corretoras para conhecer o cliente, e se prepara para a fase dois. “O próximo passo é o cliente dizer para onde está indo, qual é o sonho, a meta e os seus objetivos, e o terceiro é sugerir a melhor rota para atingir esse objetivo. O quarto e último passo é acompanhar de maneira dinâmica essa caminhada e, caso aconteça algo, a ferramenta conseguirá ajudar no reposicionamento”, diz Georges.

Mesmo ainda que de forma inicial, o Open Banking já está revolucionando o sistema financeiro e promete, em sua quarta fase, impulsionar ainda mais inovações. Haverá uma oportunidade para outros competidores menores crescerem e concorrerem com gigantes do mercado como a XP, que, por sua vez, se movimenta para acompanhar as evoluções do mercado e crescer com elas. No meio desta competição, o cliente certamente sai ganhando, com mais inovações a seu dispor.

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