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Kamala x Trump: qual a influência do novo presidente dos EUA na economia brasileira

Uma vitória republicana poderia pressionar o câmbio com políticas mais protecionistas. Já a eleição da democrata criaria ambiente mais favorável ao comércio

Por Camila Pati Atualizado em 5 nov 2024, 11h02 - Publicado em 5 nov 2024, 10h20

Mais de 244 milhões de americanos irão às urnas nesta terça-feira, 5, para eleger o próximo presidente numa das eleições mais acirradas da história moderna dos Estados Unidos. O cenário, por lá, é de polarização nos mais altos termos, com a democrata e vice-presidente Kamala Harris e o republicano e ex-presidente Donald Trump praticamente empatados. Com a contagem de votos nas eleições americanas sem data para terminar, espera-se que a disputa pela liderança da maior economia do mundo continue afetando o humor dos investidores.

Eleições em grandes economias costumam gerar incertezas, já que as políticas econômicas podem mudar de um governo para outro.

Essa indefinição sobre o futuro governo leva investidores a reavaliar riscos, impactando ações, moedas e commodities, explica Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos. “No caso de potências globais, o impacto é amplificado pela interdependência econômica entre países, especialmente os emergentes, como o Brasil”, comenta.

Segundo Lima, uma vitória republicana poderia pressionar o câmbio com políticas mais restritivas e protecionistas. Por outro lado, a eleição de Kamala Harris criaria um ambiente mais favorável ao comércio exterior, “especialmente se o dólar se enfraquecer”, afirma.

Um dólar mais fraco beneficiaria o mercado imobiliário brasileiro, tornando imóveis mais atraentes para investidores estrangeiros e reduzindo custos de importação de materiais de construção. “Entretanto, se o mercado internacional reagir com cautela à incerteza política, pode haver uma retração temporária dos investimentos estrangeiros, o que afetaria negativamente o mercado imobiliário brasileiro, que depende de capital externo para projetos de grande porte”, explica Alex Andrade, CEO da Swiss Capital. Segundo ele, o nacionalismo de Trump favorece políticas internas que podem restringir economias emergentes como a do Brasil, intensificando a volatilidade do comércio internacional.

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Uma administração democrata tende a promover uma estabilidade econômica global maior, com uma postura mais aberta ao comércio e à cooperação multilateral, o que seria positivo para o Brasil, destaca João Kepler, CEO da Equity Fund Group. No entanto, ele ressalta que ainda é incerto como o governo Harris tratará a relação bilateral com o Brasil.

Kepler também avalia que “o dólar americano poderia estabilizar-se ou até valorizar moderadamente caso Harris vença, dada a tendência dos democratas de promoverem confiança no ambiente econômico e político dos EUA”.

Por fim, a política monetária do novo presidente terá influência na economia brasileira, segundo economistas. Um governo Harris poderia adotar uma postura cautelosa quanto ao corte de juros, possivelmente mantendo-os em função de preocupações com inflação e o cenário econômico global, afirma Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio. “Para o Brasil, o adiamento de cortes de juros nos EUA fortaleceria o dólar e elevaria o custo das importações”, conclui Monteiro, prevendo que, em momentos de incerteza, investidores busquem ativos mais seguros.

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