IPCA mostra composição favorável, mas serviços subjacentes preocupam
A melhora dos núcleos de inflação no mês teve ajuda importante de alimentos e bens industriais, itens que pesam menos no segundo estágio de desinflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março divulgado nesta quarta-feira, 10, mostra uma leitura positiva no geral, mas ainda com preocupações em relação à inflação do segmento de serviços subjacentes – principal elemento observado atualmente pelo Banco Central para a condução da política monetária
Os dados de inflação de março vieram abaixo das estimativas do mercado tanto na comparação mensal quanto na anual, com “vários aspectos benignos” na abertura dos dados, nota o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita. “O índice cheio veio abaixo do esperado, mas serviços ligados à mão de obra seguem preocupando”, afirmou ele nesta manhã, em evento em São Paulo.
Apesar disso, ele não mudou sua perspectiva para um corte de 0,50 ponto percentual da taxa Selic em junho, uma expectativa comum entre economistas, mas já questionada por parte do mercado, que vê menos espaço para flexibilização monetária a partir do segundo semestre.
Segundo os economistas do BTG Pactual Álvaro Frasson e Victor Esteves, os dados da inflação de hoje trazem algum ânimo ao mercado, mas não são suficientes para alterar as perspectivas para a política monetária. Segundo eles, a melhora dos núcleos de inflação teve ajuda importante de alimentos e bens industriais, “itens não relevantes para o segundo estágio de desinflação”.
“A inflação mensal de serviços subjacentes, apesar da melhora, ainda está acima de março do ano passado, em razão de um mercado de trabalho ainda aquecido e com reaceleração no mercado de crédito pessoa física”, afirmam os economistas, em relatório a clientes. O BTG Pactual espera desaceleração de cortes da Selic a partir de junho.